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    No envelhecido Japão, comandante se aposenta, mas não deixa o cockpit

    DO "NEW YORK TIMES"

    30/07/2017 02h00

    Kazuhiro Yokozeki/The New York Times
    Shigekazu Miyazaki, 65, no aeroporto de Nagasaki
    Shigekazu Miyazaki, 65, no aeroporto de Nagasaki

    Shigekazu Miyazaki está usando o tempo livre de sua aposentadoria a 25 mil pés. Ele foi piloto da maior companhia aérea japonesa por quatro décadas, mas deixou o posto ano passado, ao completar 65 anos, idade-limite para voar pela empresa.

    Mas, em vez de jogar golfe ou pescar, desde abril Miyazaki é piloto de um avião turboélice que transporta até 39 passageiros por uma companhia aérea regional do Japão.

    "Nunca pensei que ainda estaria voando aos 65 anos. Mas eu continuo saudável, amo voar, então, enquanto eu puder, por que não?"

    O envelhecimento dos trabalhadores está forçando um questionamento sobre a trajetória profissional e também sobre a sustentação da Previdência no Japão.

    O país tem a maior expectativa de vida do mundo, pouca imigração e uma minguante população de jovens trabalhadores, reflexo de décadas de queda na taxa de natalidade.

    Isso torna os trabalhadores mais velhos ainda mais importantes para a economia. Mais da metade dos homens japoneses com mais de 65 anos executa algum tipo de trabalho remunerado, comparado com um terço dos americanos e 10% em alguns países da Europa.

    A economia japonesa está começando a se recuperar graças à demanda das exportações, mas a escassez de trabalhadores pode limitar esse crescimento. A taxa de desemprego é de 2,8%.

    Ao mesmo tempo, a geração "baby boomer" começa a se aposentar, pressionando a Previdência e forçando o governo a estudar o aumento da idade mínima para ter direito a aposentadoria.

    "Se países como Alemanha e Estados Unidos estão subindo a idade com a qual os trabalhadores se aposentam para 67, não há razão para o Japão não subir a idade mínima para 70 anos", afirma Atsushi Seike, especialista em mercado de trabalho.

    "Com 40 anos de carreira, o trabalhador está só na metade da sua vida, e ter pessoas se tornando inativas tão cedo é insustentável."

    Os trabalhadores mais velhos também ajudam a explicar a estagnação da renda no Japão. Os mais velhos costumam receber muito menos do que o salário do pico de suas carreiras. Essa queda acaba reduzindo os aumentos que um jovem recebe ao longo do crescimento profissional.

    Para Miyazaki, por exemplo, a escolha de continuar voando é um luxo. No novo emprego, recebe um terço do salário de antes de se aposentar.

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