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    Redução dos juros impulsiona aplicação em fundos multimercados

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    31/07/2017 02h00

    Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
    Multimercado combina a segurança da renda fixa com o potencial de ganhos da renda variável
    Multimercado combina a segurança da renda fixa com o potencial de ganhos da renda variável

    Com a previsão de queda acelerada da taxa Selic (a taxa básica de juros da economia) no radar desde o começo deste ano, os fundos multimercado viraram uma alternativa a investidores que temiam ver o rendimento de suas aplicações minguar.

    Esse tipo de investimento combina a segurança da renda fixa com o potencial de ganhos da renda variável e, por isso, são vistos como opção para garantir remuneração maior quando os juros caem.

    No semestre, os multimercado captaram R$ 45,8 bilhões, mais que o dobro do valor recebido em todo o ano de 2016 e atrás apenas dos fundos de renda fixa, com captação de R$ 56 bilhões.

    No período, o Ibovespa avançou apenas 4,44%, enquanto o CDI rendeu 5,61%.

    Já os fundos multimercado mais rentáveis ganharam acima de 10%, perdendo apenas para aqueles que aplicam prioritariamente em ações.

    Para Cesar Caselani, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/Eaesp), ficar atrás do rendimento dos fundos de ações é algo esperado.

    "Em um momento de alta forte de algumas ações, a renda fixa acaba freando o ganho nos fundos multimercado", afirma Caselani.

    É a renda fixa, porém, que ajuda a proteger parte do investimento quando há uma queda abrupta na renda variável, sejam ações, moedas ou ativos no exterior.

    Agrupados em uma categoria, os fundos multimercado são bastante diversos.

    "No limite, fundo multimercado é 'qualquer coisa' porque o gestor pode dar o sabor que você quiser ao portfólio. Ações, câmbio, renda fixa", afirma o professor.

    Por isso, ele recomenda que investidores pesquisem em detalhes os ativos nos quais o fundo investe e quais os riscos da aplicação.

    O líder do ranking no semestre elaborado pela Comdinheiro, por exemplo, investe em ativos fora do país, como dívidas de empresas no exterior e ações de empresas no Chile, no Peru e no México, diz o gestor do fundo, Daniel Delabio, da gestora Exploritas.

    A escolha por ativos fora do país é justificada pelo cenário doméstico ainda difícil, afirma o gestor.

    "Para consertar o Brasil, precisa consertar o fiscal. Para isso precisa cortar gastos e aumentar impostos. No início, é ruim para ações."

    O agravamento do cenário político doméstico, com a delação dos executivos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer, a partir de maio, não deve motivar uma revisão de investimentos, afirma.

    O segundo fundo mais rentável da categoria, da Western Asset Management, tampouco é diretamente afetado pelo cenário doméstico, já que segue o índice de ações americano S&P 500.

    "O S&P é um índice que mede a performance da Bolsa americana, algo parecido como o nosso Ibovespa. Ele vem subindo bastante nos últimos tempos", diz Marcelo Guterman, gerente do fundo.

    A continuidade dos ganhos, no entanto, depende da capacidade de Donald Trump de aprovar medidas prometidas em campanha, como redução de impostos, que seriam positivas para ações.

    As decisões do Fed (banco central dos EUA) também devem pesar na estratégia daqui para a frente, diz Guterman.

    Folhainvest

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