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    Preocupação com meta fiscal e equipe econômica superam o risco-Brasília

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO
    DANYLO MARTINS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/07/2017 02h00

    O primeiro semestre pode ser dividido em "antes e depois da delação da JBS", mas são a situação fiscal do país e o desmonte da equipe econômica, e não os novos capítulos da crise política, que vão afetar o ganho ou captação dos fundos nos próximos meses, segundo gestores.

    Mesmo com as dúvidas sobre a permanência de Michel Temer no poder, o mercado aposta no principal nome do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para aprovar medidas consideradas essenciais para equilibrar as contas públicas, como a reforma da Previdência.

    "O mercado confia muito no Meirelles, e a manutenção dele, seja quem for o presidente, seria de bom grado", diz Rafael Paschoarelli, professor de finanças da FEA/USP. "No longo prazo, sem a reforma, a situação fiscal é gravíssima. Cada dia sem mudanças na Previdência é colocar mais a corda no pescoço."

    Em seus comunicados, o Banco Central tem indicado que a aprovação das reformas é fundamental para manter o ciclo de corte de juros, o que impacta os ganhos de fundos, sobretudo de renda fixa.

    Esse cenário deve provocar mudanças na indústria. "Com juro de um dígito, as pessoas precisam correr um pouco mais de risco para remunerar o dinheiro aplicado", afirma Carlos Eduardo Rocha, sócio e responsável pela gestora do banco Brasil Plural.

    QUE CRISE? - Captação dos fundos de investimento, descontados os resgates, em R$ milhões

    DIVERSIFICAÇÃO

    Para Marcus Vinicius Gonçalves, presidente da gestora Franklin Templeton no Brasil, a exposição a ativos estrangeiros pode ajudar a diminuir o impacto de microcrises domésticas.

    "O investimento no exterior reduz o risco político local. As pessoas querem ter cada vez mais a possibilidade de diversificar o risco-país."

    O pequeno investidor consegue ter acesso a alguns fundos que investem lá fora, mas a aplicação inicial costuma ser mais salgada. No ranking da Comdinheiro, há produtos com aplicação inicial de R$ 3.000.

    O cenário favorece fundos que investem no setor imobiliário e têm as cotas negociadas na Bolsa, diz Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos. "Fundos bem geridos, como os que aplicam em imóveis comerciais, têm espaço, mas é preciso tomar cuidado na seleção dos ativos", diz.

    O fluxo de dinheiro de pessoas físicas para a Bolsa também deve aumentar, mas Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, recomenda cautela. "Quem tinha uma carteira mais conservadora deveria manter a estratégia. Quem tinha uma carteira mais agressiva, eventualmente, pode colocar a carteira num cenário mais moderado".

    Um cuidado é investir aos poucos, sem tentar fazer especulações no mercado. "A grande lição de 17, 18 e 19 de maio [quando foi revelada a delação da JBS] para a pessoa física é que não dá para reagir ao pânico", diz Buccini.

    ELEIÇÕES

    O risco-Brasília, embora afastado no momento, deve voltar com força a partir do início de 2018, quando as eleições presidenciais entrarão na pauta. Especialistas preveem uma disputa ainda mais agitada do que a de 2014.

    "Vai ser ainda mais dinâmica do que a última. O que temos ouvido de cientistas políticos é que será tão pulverizada quanto a eleição de 1989, com poucos candidatos abrindo margem", afirma George Wachsmann, sócio da gestora de patrimônio GPS Investimentos.

    "Entrando um reformista no ano que vem, os juros vão permanecer em trajetória de queda", diz Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos. "Mas, se entrar alguém populista, o dólar poderá subir e a Bolsa cair."

    Folhainvest

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