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    Governo deve rever meta fiscal de 2017 e 2018 até a próxima semana

    DE BRASÍLIA
    DO RIO

    09/08/2017 22h28

    Projeções da equipe econômica apontam para um deficit nas contas do governo federal em 2018 superior ao verificado nos dois anos anteriores.

    Diante das sucessivas frustrações de receitas, o governo deve rever as metas de deficit deste ano e de 2018 na próxima semana.

    Pelos cálculos que estão na mesa, será preciso ampliar a meta de deficit deste ano de R$ 139 bilhões para R$ 158 bilhões.

    A meta de deficit de 2018, que foi definida em R$ 129 bilhões, pode passar para cerca de R$ 170 bilhões, mas o governo ainda tenta reduzir esse número.

    A necessidade de revisão das metas foi discutida pelo presidente Michel Temer com o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, nesta quarta-feira (9). Diante da reação negativa do Congresso e de líderes da base aliada à ideia de aumento de Imposto de Renda —e de qualquer tipo de tributo— neste momento, não restaram alternativas para que as contas da União fechem dentro do previsto.

    Para não passar a mensagem de que a revisão das metas será feita para garantir aumento de gastos, Temer foi aconselhado a investir na redução de despesas.

    O problema é que um novo corte de gastos poderia paralisar a máquina pública. Até as estruturas criadas para a cobrança de dívidas com a União, como tributos, foram atingidas pela mais recente revisão orçamentária.

    Se houver novo corte de gastos, haverá revisão na previsão de receitas com as cobranças de dívida com o Fisco. A estimativa, que já constava do Orçamento deste ano, poderá sofrer uma redução de R$ 20 bilhões, serão somente R$ 14 bilhões.

    APLAUSOS

    Um dia após admitir estudos para aumentar a alíquota do IR, o presidente Michel Temer pediu aplausos ao afirmar, em evento no Rio, que o tributo não será aumentado.

    Disse ainda que o governo trabalha pela aprovação até o fim do ano de três reformas: a da Previdência, a política e a "simplificação tributária".

    Para isso, fechou acordo com o Congresso para que os textos entrem na pauta no segundo semestre. "Se chegarmos ao final do ano e tivermos completado o ciclo das reformas, teremos um 2018 mais próspero", disse Temer.

    REUNIÃO SOBRE REFIS

    Outras medidas acertadas pelo governo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), enfrentam dificuldades. O Refis é uma delas.

    Maia se reuniu com Eunício, Meirelles e parlamentares para discutir o texto do Refis. O programa de renegociação de dívidas com o fisco é a principal arma do governo para levantar cerca de R$ 14 bilhões neste ano e diminuir o rombo no Orçamento.

    A comissão que analisou a medida provisória enviada pelo governo desfigurou o texto original, inclusive com aumento do desconto nos juros e multas para até 99%.

    Agora, a intenção é construir um acordo dos parlamentares com a equipe econômica antes de colocar o texto em votação no plenário da Câmara. Para isso, foi criado um grupo de senadores e deputados para negociar com o Ministério da Fazenda.

    Para a reforma da Previdência, que permitirá reduzir os gastos com aposentadorias, o desafio é maior. Temer ainda não tem os 308 votos necessários para aprová-la.

    "O cenário não é fácil [para a aprovação da reforma da Previdência]", disse Maia. Para ele, é "legítimo" que parlamentares declarem que não há condições de tocar a reforma. "É melhor que eles falem do que a gente fique com expectativa que não é verdadeira."

    (JULIO WIZIACK, MARINA DIAS, LAÍS ALEGRETTI, MARIANA CARNEIRO E NICOLA PAMPLONA)

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