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    Bancos reduzem otimismo e cortam previsão para empréstimo

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    11/08/2017 02h00

    Divulgação/BB
    Prédio do Banco do Brasil, na capital federal
    Prédio do Banco do Brasil, na capital federal

    A lenta retomada da economia brasileira arrefeceu o otimismo dos bancos no segundo trimestre e fez com que as instituições financeiras cortassem a projeção para o crédito neste ano. Em vez de aumento de empréstimos, a previsão agora é de queda ou estagnação nas carteiras.

    O último a piorar sua projeção foi o Banco do Brasil, que divulgou seu resultado para o período de abril a junho nesta quinta (10). Apesar do aumento de 47,1% no lucro, para R$ 2,7 bilhões, a carteira de crédito recuou 7,6%, para R$ 696,1 bilhões.

    Com isso, em vez de expansão projetada de 1% a 4% da carteira de crédito ampliada neste ano, o banco passou a prever recuo entre 1% e 4%.

    A revisão é maior ainda quando se considera o crédito para empresas. O BB, que já projetava retração de 1% a 4% na carteira de pessoas jurídicas, ampliou a contração para o intervalo de 8% a 11%.

    "Todos os bancos tiveram que rever seu 'guidance' [projeção] com relação a isso, porque realmente, por mais que nós esperássemos uma reação, ela não aconteceu da maneira como a gente esperava", afirmou o presidente do BB, Paulo Caffarelli.

    Antes do Banco do Brasil, o Bradesco já havia reduzido suas perspectivas para o crédito neste ano. O banco estima retração de 1% a 5% na carteira, enquanto antes apostava em crescimento de 1% a 5% –para uma inflação projetada de 3,45% em 2017. O Itaú Unibanco manteve a projeção de 0% a 4%. O Santander Brasil não divulga suas perspectivas.

    Para João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho, os bancos deveriam ter sido mais cautelosos no início do ano. Mas ele diz que o efeito da delação da JBS, que mergulhou o país em caos político a partir de maio, não pode ser descartado.

    "Houve quebra de expectativa em relação aos fundamentos macroeconômicos do país. A crise da JBS adiou a aprovação das reformas, que poderia destravar a economia", diz o especialista.

    O cenário anterior, de inflação baixa e taxa de juros Selic em um dígito, justificava a projeção otimista para recuperação do crédito. "Mas ainda assim o quadro no início do ano era muito obscuro para se trabalhar com a premissa de que apenas a taxa de juros de um dígito favoreceria a retomada de crédito."

    MELHORA

    Caffarelli vê o segundo semestre "bem melhor" do que o primeiro no que diz respeito a crédito. Para pessoas jurídicas, porém, a retomada deve demorar mais.

    "É importante que a gente possa tratar o segmento de MPE [micro e pequenas empresas] sabendo separar o joio do trigo. Sabendo separar aquelas empresas que hoje continuam em atividade e têm capacidade de pagamento para tomar crédito", diz.

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