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    Agência de risco S&P vê reformas como teste para nota do Brasil

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    17/08/2017 02h00

    Sergio Lima - 26.jul.2017/Folhapress
    Diretora da S&P, Lisa M. Schineller
    Diretora da S&P, Lisa M. Schineller

    Ao revisar a meta para o rombo nas contas deste ano e do próximo e anunciar novos cortes de despesas, o governo demonstrou que está comprometido com a situação fiscal do país, na avaliação da agência de risco S&P.

    Mas, se quiser evitar um rebaixamento da nota de crédito, terá que mostrar que conseguiu mobilizar o Congresso em torno da reforma da Previdência, afirma Lisa Schineller, diretora-executiva de rating soberano da S&P.

    Na terça-feira (15), após o governo anunciar metas de deficit fiscal maiores, a agência decidiu retirar a nota do país de observação negativa —em que a probabilidade de de rebaixamento era de 50%.

    A nota agora está sob perspectiva negativa, o que na nomenclatura da agência significa que um novo rebaixamento é menos premente.

    A S&P vê um cenário político mais estável e indícios de o governo de Michel Temer mantém apoio no Congresso, após passar a reforma trabalhista e depois de o próprio presidente sobreviver à votação de uma denúncia por corrupção passiva no caso JBS.

    À Folha Schineller destacou a agenda reformista da administração, mas alertou para riscos. "Vemos compromisso. Mas precisamos ver encaminhamento. Vemos que há diálogo contínuo com o Congresso, mas não tivemos uma votação ainda."

    A agência monitora de perto a negociação em torno da reforma da Previdência. "Temos que ver o que vai sair da negociação", diz. "E tem a questão de tempo. Há uma janela de oportunidade para a administração Temer ou qualquer administração, antes das eleições de 2018."

    Ela não delineou qual proposta mínima seria considerada ideal para reduzir o peso da Previdência no endividamento do governo, mas indicou que isso passa por idade mínima e pelo nível de reposição de trabalhadores.

    A S&P estabeleceu de seis a nove meses para reavaliar a perspectiva para a nota. As chances são de uma em três de haver um rebaixamento.

    "Nós olharemos os próximos seis meses do ano particularmente para ver se há ou não avanços no Congresso".

    Questionada sobre se o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) teria pedido para a agência prazo para reavaliar a nota brasileira, como noticiou o "Painel", ela destacou que a S&P dialoga com frequência com o governo. "Mas nossa decisão é baseada em critérios e nossa leitura da dinâmica de eventos", diz.

    "Em maio, o cenário político estava mais incerto que hoje e a verdadeira questão era a capacidade da administração de encaminhar algumas das reformas e medidas. A pergunta era como a economia seria impactada. Não vimos impacto na economia."

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