• Mercado

    Saturday, 04-May-2024 15:18:55 -03

    Após ameaça, CSN obtém licença para barragem no complexo Casa de Pedra

    DANIEL CAMARGOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/08/2017 02h00

    João Marcos Rosa/Nitro/Latinstock
    Congonhas_MG, Brasil. Mina Casa de Pedra em Congonhas, Minas Gerais. Casa de Pedra mine in Congonhas, Minas Gerais. Foto: JOAO MARCOS ROSA / NITRO/Latinstock ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Mina Casa de Pedra em Congonhas, Minas Gerais

    Após ameaçar paralisar a operação na mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG), a CSN Mineração –braço da CSN– conseguiu aprovar na última semana a licença para retirar rejeitos da barragem B4, parte do complexo Casa de Pedra (a 80 quilômetros de Belo Horizonte).

    Com 6 bilhões de toneladas em recursos e capacidade de produção de 30 milhões de toneladas por ano, é a segunda maior reserva de minério de ferro do Brasil, atrás apenas de Carajás, no Pará, operada pela Vale.

    A CSN tenta licenciar desde 2014 o alteamento (aumento da capacidade) da barragem Casa de Pedra, a maior do complexo. Diante da demora, a empresa requisitou uma licença de operação corretiva para retirar rejeitos da B4 e conseguir mais espaço enquanto o alteamento da barragem não é autorizado.

    "Caso a CSN Mineração não consiga lugar para a destinação do material atualmente produzido no processo de beneficiamento do minério, terá que paralisar suas atividades", atestou o parecer apresentado pela equipe técnica da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) do governo mineiro.

    O gestor ambiental José Alves Pires, da Semad, responsável pelo parecer, afirma que a possibilidade de parar a operação foi uma informação obtida nos relatórios da própria CSN. "É verídica, fui ao local e verifiquei a informação. O material [rejeito] está chegando na crista [limite da barragem]", afirma Pires.

    A licença foi aprovada por 11 votos favoráveis ante 1 contra em reunião extraordinária da Câmara Técnica de Atividades Minerárias (CMI), parte do Conselho Estadual de Política Ambiental.

    Único voto contrário, Maria Teresa Viana, do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas, lamenta a urgência com o que tema foi tratado.

    "É uma forma de impedir que nossos apontamentos possam ser usados em ações judiciais futuramente caso algo errado aconteça."

    Procurada, a Semad disse que as reuniões extraordinárias são convocadas sempre que há acúmulo de processos.

    TRAUMA

    Por trás do imbróglio, está o temor de novos desastres. Foi durante obras de alteamento que ocorreu o rompimento de barragem da mineradora Samarco, há um ano e nove meses. O desastre, além de 19 mortos e um estrago ambiental na bacia do rio Doce, deixou amedrontados os moradores vizinhos às barragens em outras cidades.

    Diferentemente de Mariana, a barragem da CSN fica próxima à área urbana. Um estudo contratado pela empresa em 2009 estima que o rompimento da barragem de Casa de Pedra provocaria a destruição de 350 casas e a morte de até 1.500 pessoas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024