O sorvete de baunilha artesanal de que você gosta pode estar em risco.

Uma alta nos preços das vagens de baunilha depois que um tufão atingiu Madagáscar, o maior produtor mundial da commodity, deixou os fabricantes de sorvetes na corrida por garantir suprimentos do extrato flavorizante.

Usada em chocolates, bolos e bebidas, além do sorvete, a baunilha é um dos flavorizantes mais populares.

A disparada dos preços neste ano, que os levou a um recorde de mais de US$ 600 por quilo, forçou uma cadeia de sorveterias finas de Londres a tirar o sorvete de baunilha de seu cardápio, e alguns grandes fabricantes de alimentos, a elevar preços.

"É ridículo", disse Charlie Thuillier, da Oppo, empresa britânica que fabrica sorvetes mais saudáveis usando azeite de coco e folhas de estévia.

Depois do ciclone, o fornecedor original de baunilha da empresa aumentou em mais de 1.000% o preço de seu extrato de baunilha.

	Rijasolo - 25.mai.2016/AFP
	Agricultores secam baunilha ao sol na ilha de Madagáscar

O ciclone Enawo, que deixou quase 500 mil desabrigados em sua passagem pela ilha da costa africana, em março, sublinha os riscos da dependência excessiva quanto a um só país fornecedor.

Os preços da commodity, que não é negociada em Bolsa, já vinham subindo nos últimos anos, dadas as promessas dos fabricantes de alimentos de abandonar o uso de flavorizantes artificiais.

O ciclone varreu Madagáscar num momento de acúmulo de estoques especulativos por intermediários locais, que já pressionava o mercado.

Os grandes fabricantes de alimentos também sentiram o impacto. A Nestlé elevou o preço de seus sorvetes Mövenpick em 2,5%, na Suíça.

Mas nem todos os usuários de baunilha estão em dificuldade. Apenas 1% do flavorizante de baunilha usado em alimentos e cosméticos provém de baunilha real.

A vanilina, molécula de sabor encontrada nos grãos de baunilha, também pode ser sintetizada do petróleo, do carvão e da madeira, bem como de alimentos como bran de arroz e óleo de cravo.