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    Após 11 horas de sessão, governo não consegue concluir votação da meta

    TALITA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    31/08/2017 04h25

    Andressa Anholete/AFP
    Senator Eunicio Oliveira during the Senate session to elect the new president of Brazil's upper house of Congress in Brasilia on February 1, 2017. The dispute for the presidency of the Brazilian Senate is between Eunicio Oliveira (PMDB-CE), who has the support of the current president Renan Calheiros (PMDB-AL), and Jose Medeiros (PSD-MT). / AFP PHOTO / ANDRESSA ANHOLETE
    Presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE)

    Depois de mais de 11 horas de sessão, a oposição conseguiu imprimir uma derrota ao governo do presidente Michel Temer e o Congresso não concluiu a votação da meta fiscal para 2017 e 2018.

    Com isso, no projeto orçamentário para 2018, que será enviado nesta quinta ao Congresso, devem constar valores desatualizados para o deficit nas contas públicas.

    A peça vai prever um rombo de R$ 139 bilhões para 2017 e de R$ 129 bilhões para 2018. No início do mês, a equipe econômica elevou a previsão de deficit para R$ 159 bilhões nos dois anos.

    Embora o texto-base tenha sido aprovado no início da madrugada, deputados e senadores não concluíram a votação dos cinco destaques (mudanças no texto) apresentados pela oposição. Ainda está pendente a análise de duas dessas emendas ao projeto. As votações devem ser retomadas na próxima terça-feira (5).

    A sessão foi interrompida às 3h37 por ausência de quorum. Era necessária a presença de pelo menos 257 deputados na Casa para concluir as votações. Contudo, apenas 219 estavam na sessão neste horário.

    O presidente do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE), esperou mais de 50 minutos pela chegada dos deputados, mas decidiu encerrar os trabalhos.

    Eunício tentou minimizar a derrota do governo e afirmou que "a meta já está aprovada". Apesar de o texto base ter sido aprovado, a revisão só terá validade quando todas as emendas forem apreciadas.

    "Estou com a consciência de dever cumprido. Não estou aqui nem para defender o governo e nem para tirar o direito da oposição ", disse Eunício.

    O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também tentou minimizar a derrota."O Orçamento será apresentado amanhã (quinta) dentro das regras vigentes", afirmou, acrescentando que a previsão de deficit será ajustada posteriormente, após o Congresso concluir as votações.

    "Não foi uma derrota. Foi uma derrota para o cansaço porque alguns deputados, 38 deputados, não conseguiram chegar. Faz parte do jogo, foi uma obstrução legítima. Não podemos tirar o mérito da oposição, mas não é nada que crie qualquer problema para o governo", disse Jucá.

    A votação da meta ocorreu em meio a dificuldades do governo em garantir quorum necessário para votações. Em determinado momento da noite, assessores e líderes parlamentares chegaram a buscar senadores e deputados em suas residências para manter o funcionamento do Congresso.

    Já a oposição apostou na obstrução e chegou a pedir mais de uma vez a verificação de presença dos parlamentares. Além disso, os cinco destaques apresentados ao projeto são de autoria de deputados e senadores contrários a Temer.

    O Palácio do Planalto tinha como objetivo aprovar a proposta orçamentária até está quinta. A data era importante para que o governo conseguisse usar o valor atualizado no projeto de lei orçamentária de 2018.

    No caso da meta de 2017, a ampliação do deficit é considerada necessária pelo governo para liberar recursos e manter a máquina pública funcionando.

    TEMER NA CHINA

    A derrota ao governo ocorre em meio à viagem de Temer a China, onde participa de uma reunião de cúpula dos Brics.

    Fragilizado diante de acusações de corrupção, o presidente vem tentando fazer avançar a aprovação de projetos na área econômica para manter uma agenda positiva.

    É esperado para os próximos dias o envio de uma nova denúncia contra Temer ao STF (Supremo Tribunal Federal) como novo desdobramento das delações do grupo JBS e do corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro.

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