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    Salão do Automóvel de Frankfurt é marcado pelo estigma do 'dieselgate'

    DA AFP

    08/09/2017 16h17

    Apesar dos lucros abundantes e de um mercado europeu próspero, os fabricantes reunidos a partir de terça-feira (12) no Salão do Automóvel de Frankfurt (IAA) não vão escapar de assuntos delicados, como a crise do diesel e os desafios para os carros elétricos.

    Dois anos depois de vir à tona a manipulação maciça pela Volkswagen dos motores a diesel em pleno IAA, a 67ª edição da grande feira do setor será "moderada", estima Stefan Bratzel, do instituto do automóvel CAM.

    "Por um lado, a indústria automotiva vive os melhores anos de sua história em termos de vendas e lucros, mas, por outro, ela se pergunta o que vai acontecer no futuro. O diesel e as emissões de poluentes foram alvo de debates recentemente, sobretudo na Alemanha, e criaram um problema de imagem para a indústria em seu conjunto", destacou.

    A Volkswagen, gigante que reúne 12 marcas (Audi, Porsche, Seat, Skoda, Lamborghini, entre outras), se recuperou rapidamente após o estouro do 'dieselgate', que lhe custou caro. A companhia virou a número um de vendas no mundo e teve receita de € 116 bilhões e lucro líquido de mais de € 6 bilhões no primeiro semestre de 2017.

    Suas compatriotas Daimler e BMW também registraram lucros animadores e volume de vendas em constante alta.

    INCERTEZA

    As fabricantes francesas superaram a crise de 2008-2013 e alcançaram recordes no primeiro semestre. A Renault registou lucro líquido de € 2,4 bilhões, enquanto a PSA (com Peugeot, Cirtroën e DS) abocanhou lucro de € 1,25 bilhão, à espera de incorporar Opel e Vauxhall, compradas da americana General Motors.

    As perspectivas são boas para o resto do ano, com altas esperadas no mercado automobilístico mundial, apesar de uma desaceleração dos Estados Unidos e um crescimento menos vigoroso da China. Para o oeste europeu, o diretor do centro de pesquisa automobilística CAR, Ferdinand Dudenhöffer, prevê avanço de 3%, um pouco menos que em 2016.

    "Os mercados francês e alemão continuam crescendo, e bem rápido, por que são mercados maduros, mas a níveis altos", disse. "O Reino Unido tem soluços por causa do Brexit, mas, a nível mundial, na Europa temos um mercado que vai muito bem", explicou Flavien Neuvy, diretor do observatório Cetelem da indústria automotiva.

    Contudo, "o salão vai ser marcado por toda a incerteza que há em volta, não apenas pelo diesel, mas também pelo motor térmico [convencional]", alertou. França e Reino Unido fixaram 2040 como data-limite para os carros a diesel ou gasolina, enquanto as emissões contaminantes ligadas a automóveis vão sendo cada vez mais combatidas na Europa, onde acabam de entrar em vigor novas normas de homologação mais rígidas.

    SUV EM DESTAQUE

    Na Alemanha, a poluição é um dos assuntos tratados na campanha das eleições do fim de setembro, enquanto a proibição da circulação de veículos a diesel é ameaçada em dezenas de cidades. A chanceler Angela Merkel, que espera iniciar seu quarto mandato, vai inaugurar o Salão na quinta-feira (14).

    Peter Fuss, especialista no setor automobilístico no gabinete EY, espera poder ver no salão "como a indústria reage a essa ameaça sobre o diesel".

    Apesar de algumas empresas terem apresentado seus projetos no setor de carros elétricos, como a BMW, com um modelo de mini previsto para 2019, um conjunto de novos 4x4 urbanos de motor convencional, os SUVs, vai lembrar o tamanho do desafio pela frente.

    A Federação Alemã do Automóvel, VDA, organizadora do salão, prometeu mais 300 inovações, e espera cerca de mil expositores, apesar de grandes empresas como Nissan, Peugeot, Fiat, Tesla e Volvo não participarem do encontro.

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