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    Consumidor brasileiro é alvo de tentativa de fraude a cada 17 segundos

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    11/09/2017 02h00

    Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress
    Movimentação de pessoas na rua 25 de março, na manhã deste sábado, nas vésperas do dia dos pais
    Rua 25 de Março, em São Paulo; consumidor deve ter cuidado com cartão de crédito e saldo bancário

    A recuperação da economia brasileira está tendo como efeito colateral indireto o aumento dos casos de golpes contra consumidores.

    Indicador do birô de crédito Serasa Experian computou 950.632 tentativas de fraude contra pessoas físicas no primeiro semestre, ou uma a cada 16,5 segundos.

    É um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 884.105 tentativas, ou uma a cada 18 segundos.

    Carolina Aragão, gerente do SerasaConsumidor, afirma que o aumento acompanha a maior demanda de crédito do consumidor.

    "Esses golpes aumentam conforme crescem as transações em lojas e o consumo em si, porque é quando o consumidor usa seus dados. É aí que o criminoso encontra brecha para se apropriar de informações e cometer a fraude", afirmou.

    No primeiro semestre, a demanda do consumidor por crédito cresceu 2,1% em relação ao mesmo intervalo de 2016 -em julho, a alta foi de 11,4% ante igual mês do ano passado. A expectativa é que continue aumentando, acompanhando a consolidação da retomada econômica, e os fraudadores devem tentar se aproveitar desse movimento, avalia Aragão.

    Golpes em alta - Tentativas de fraudes crescem 7,5% no 1º semestre

    NOME SUJO

    A enfermeira Josiane Roberta de Menezes, 32, não deu a sorte de ficar só na estatística das tentativas. No caso dela, o golpe se materializou.

    Em maio deste ano, Josiane tentou fazer o cartão de crédito de uma loja esportiva, mas não conseguiu. "Achei que era política da empresa, porque continuava recebendo outras propostas de cartões do meu banco."

    Um dia, por curiosidade, a enfermeira decidiu saber qual era sua pontuação de crédito, ao ver um anúncio de serviço oferecido pela Serasa. Achou baixa. Ao investigar o motivo, descobriu uma dívida de R$ 276 em aberto com uma empresa de telefonia -que tinha incluído seu nome no cadastro de inadimplentes em setembro de 2016 pela falta de pagamento.

    Depois de algumas ligações para tentar resolver o problema, Josiane ficou sabendo que a conta não paga era referente a uma linha telefônica no Ceará -apesar de ela nunca ter ido ao Estado ou conhecer alguém lá.

    "Eles não explicam como isso aconteceu. E eu queria dar entrada em um carro, mas o fato de meu nome ter sido negativado fez com que as taxas do financiamento subissem. Ficou bem mais caro", afirmou a enfermeira.

    SETORES

    A telefonia é justamente o segmento líder de tentativas de fraudes, mostra o indicador da Serasa. Foram 366.188 no primeiro semestre, o que representa 38,5% do total.

    "Historicamente, observamos que a telefonia é a grande porta de entrada do fraudador, porque gera um comprovante de residência. A partir daí, ele junta com outros dados e comete fraudes maiores, como abrir uma conta bancária ou conseguir um empréstimo", diz Carolina Aragão, do SerasaConsumidor.

    Serviços aparecem em segundo lugar, com 30,1%. Bancos e financeiras respondem por 23,8% das tentativas, mas foi nesse segmento que houve o maior salto na comparação semestral: 31,2%.

    Segundo a Serasa, as principais tentativas de fraude são compra de celulares com documentos falsos, emissões de cartões de crédito, financiamento de eletrônicos e abertura de contas-correntes.

    Mas há casos também em que os dados são usados para comprar bens maiores, como carros, ou até mesmo para abrir empresas.

    *

    COMO EVITAR SER VÍTIMA DE GOLPISTAS

    Para evitar ser vítima de fraudadores, o consumidor não deve fornecer seus dados a estranhos. Outra dica é, em lojas, não deixar que os atendentes levem o cartão para longe. Também não insira sua senha se houver desconhecidos por perto.

    O consumidor precisa acompanhar o extrato bancário e acionar o banco se desconfiar de transação. Se perder um documento, a recomendação é fazer boletim de ocorrência.

    Em compras virtuais, atenção ao site: uma forma fácil de evitar golpes é checar se, na barra do navegador, o endereço começa com https.

    Vale também atualizar sempre o antivírus no computador e não fazer operações que exijam senha em computadores públicos.

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