• Mercado

    Sunday, 28-Apr-2024 21:13:29 -03

    Governo deve perder R$ 2 bilhões do Funrural previstos para este ano

    MARIANA CARNEIRO
    BRUNO BOGHOSSIAN
    DE BRASÍLIA

    12/09/2017 15h26 - Atualizado às 22h39

    Mauricio Lima/AFP
    ORG XMIT: 510901_1.tif Trabalhador rural seleciona grãos de café, em fazenda cafeeira de Varginha (MG). ACOMPANA NOTA: "275 ANOS DE LA LLEGADA DEL CAFE A BRASIL, EL GRAN MOTOR DE SU DESARROLLO" Trabajadores rurales selecionan con sus cribas granos de café del tipo arébico, el 23 de setiembre de 2003, en una hacienda cafetalera exportadora cerca de la ciudad de Varginha, sur del Estado de Minas Gerais, Brasil. El café, llegado hace 275 años a Brasil, transformo a este pais en el mayor productor y exportador de café del mundo (32% del mercado internacional) y con la perspectiva de sacar su mayor zafra histúrica en 2004. El café fue ápice del poder economico, polótico y hasta del desarrollo cultural de Brasil. Trajo a los cerca de 4 millones de inmigrantes, europeos (principalmente italianos) y japoneses, que llegaron a las haciendas cafetaleras para suplir la mano de obra de la esclavitud, abolida en 1888. AFP PHOTO/Mauricio LIMA
    Trabalhador em colheira de café em Minas Gerais

    O Senado aprovou uma resolução que coloca em risco R$ 2 bilhões em receitas do governo neste ano. Proposta pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), a resolução suspende a cobrança do Funrural –contribuição à Previdência de produtores rurais.

    O governo esperava arrecadar R$ 2 bilhões neste ano com o pagamento de contribuições atrasadas, após o Supremo Tribunal Federal ter declarado, em março, a constitucionalidade da cobrança.

    Só com atrasados, de mais de dez anos, o governo esperava arrecadar cerca de R$ 17 bilhões. Mas a resolução de Kátia Abreu compromete a cobrança.

    Inspirada numa decisão favorável obtida no Supremo em 2010 pelo frigorífico Mataboi, do irmão mais velho de Joesley e Wesley Batista, a senadora propôs retirar a alíquota de 2,1% que incide sobre a receita bruta das empresas agropecuárias.

    A argumentação é que, antes da decisão atual, o Supremo havia declarado a inconstitucionalidade da cobrança, tendo como base a análise de uma legislação de 1992 e que foi alterada com a aprovação de um novo texto, em 2001.

    Com a retirada da alíquota, a lei de 2001 fica esvaziada, inviabilizando a cobrança do Funrural.

    Como se trata de uma resolução, bastou a promulgação do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), após o texto ter sido aprovado em comissão na Casa.

    O governo vai acionar a AGU (Advocacia-Geral da União) para tentar derrubar a resolução no Supremo, porém há dúvidas sobre a possibilidade de o tema ser decidido a tempo de garantir a arrecadação ainda neste ano.

    Até lá, a cobrança depende apenas da força de uma medida provisória, proposta pelo governo em julho e cujo relator é o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).

    MAIS FAVORÁVEL

    Leitão afirma que, se a resolução não prosperar, o setor trabalhará para aprovar condições mais favoráveis na tributação e no parcelamento de débitos atrasados.

    Além de alíquota de 1,5%, o pagamento dos atrasados deve ter a entrada reduzida de 5% para 1%, segundo adiantou Leitão, com desconto integral de juros e multa.

    O texto também deverá prever a possibilidade de escolha de a cobrança incidir sobre a folha de pagamentos ou sobre a receita bruta.

    Autora da resolução no Senado, a senadora Kátia Abreu afirma que o setor não quer anistia e que a MP deverá ser usada para criar as regras para a contribuição previdenciária do setor.

    "O governo e o Ministério da Fazenda sabem que essa dívida nunca existiu e, na hora da dificuldade, eu sei que precisamos de receita, mas não é justo para o setor."

    A perda de receita aumenta a dificuldade do governo em cumprir a meta de deficit prevista para este ano, elevada para R$ 159 bilhões.

    Ela não constava da lista de riscos da equipe econômica, da qual já fazem parte o Refis e os leilões das usinas da Cemig, ambos em meio a negociações políticas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024