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    Futuro do acordo de leniência feito pela JBS ainda é incerto

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    15/09/2017 02h00

    Paulo Whitaker/Reuters
    General view of Brazilian meatpacker JBS SA in the city of Jundiai, Brazil June 1, 2017. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: PW100
    Vista de geral de unidade da JBS em Jundiaí

    O futuro do acordo de leniência do grupo J&F, que controla a JBS, ainda é incerto e deve ser motivo de controvérsia jurídica, após a decisão da Procuradoria-Geral de República (PGR) de considerar rescindida a delação do empresário Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud.

    Essa incerteza também traz questionamentos porque o acordo de leniência é uma das precondições para a venda de empresas e para a renegociação de dívidas do grupo com os bancos.

    Desde que o escândalo explodiu, a J&F já fechou acordos para vender ativos como Alpargatas, Vigor e Eldorado.

    Integrante da defesa jurídica da JBS, falando sob a condição de não ter o nome divulgado, disse que não há nenhuma certeza de que a rescisão do acordo de delação feito pela PGR leve à rescisão imediata da leniência, por pelo menos dois motivos.

    Primeiro, a medida tomada pelo procurador Rodrigo Janot ainda precisa ser homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    Também há dúvida se a rescisão da delação de dois dos sete integrantes da empresa que fizeram o pacto seria suficiente para anular o acordo de leniência inteiro.

    A lista de delatores da JBS inclui ainda nomes como os de Wesley Batista, presidente da empresa, e do advogado Francisco Assis e Silva.

    O acordo de leniência prevê o pagamento de R$ 10,3 bilhões, ao longo de 25 anos, à União, ao BNDES, ao FGTS, a diversos fundos de pensão de servidores e a projetos sociais.

    O ponto que deverá centralizar a discussão é a cláusula número 36 da leniência.

    Ela diz que o pacto "poderá ser integralmente rescindido caso o acordo de colaboração premiada firmado por executivos e dirigentes da empresa e homologado pelo STF seja anulado pelo mencionado tribunal".

    Para o integrante da defesa da JBS, o texto não é claro o suficiente para apontar se a rescisão tem efeito somente se todos os sete acordos de delação forem extintos, e não apenas o de dois delatores.

    Interlocutores dos gestores que deverão assumir o comando da PGR a partir da posse da procuradora Raquel Dodge, na segunda-feira (18), disseram que qualquer medida só poderá ser tomada a partir de decisão do STF.

    Nesta quinta (14), a PGR emitiu nota para falar sobre o efeito da rescisão do acordo de colaboração premiada, mas não tratou das consequências sobre a leniência.

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