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    Nova cebola que não faz chorar chega ao mercado brasileiro

    KELLY MANTOVANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    17/09/2017 01h00

    Acabou o choro na cozinha. Uma nova cebola de sabor mais suave e que não arde os olhos começa a chegar ao mercado.

    A Dulciana, levemente adocicada e um pouco mais clara em relação às cebolas tradicionais, é a mais nova aposta dos produtores para tentar impulsionar as vendas em tempos de crise econômica.

    A variedade do bulbo, que começou a ser produzida há um ano em Mossoró (RN), em Petrolina (PE) e em Juazeiro (BA), chega agora ao Estado de São Paulo.

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    A safra é resultado de uma pesquisa da multinacional alemã Bayer, que após 23 anos conseguiu reduzir, por meio de cruzamentos, os níveis de enxofre e ácido sulfúrico -responsáveis pela acidez que irrita os olhos na hora em que as cebolas são cortadas.

    "Depois que fizemos os cruzamentos com as cebolas já existentes, avaliamos os índices de produtividade e resistência à doenças, como a raiz rosa, por exemplo. Não bastava ser mais suave, precisava ter algo a mais para ser rentável", afirma Joelson Freitas, especialista em cebolas da Bayer.

    Mesmo com a promessa de a cebola ser mais lucrativa, foi uma tarefa difícil convencer os produtores a aderir à nova variedade, em razão de suas características diferentes. A expectativa, no entanto, é de sucesso, afirma Patrícia Guerra, gerente comercial da Bayer.

    "Espera-se o aumento nas vendas, e com isso, mais investimento e geração de empregos."

    PROCURA

    O produtor de Itobi (a 250 km de São Paulo) Devanir Ragassi, que plantou dois hectares da nova variedade de cebola em maio, está otimista com o investimento.

    "Espero que as vendas aumentem. Já experimentei a cebola, e ela é macia. Tem havido bastante procura [pelos distribuidores]. Com tudo dando certo, vou investir mais", afirma Ragassi.

    Jean Cechinatto, produtor de Porto Ferreira (a 228 km de São Paulo), que plantou cinco hectares em março e vai colher nos próximos dias, também espera pelo sucesso nas vendas.

    "A semente é um pouco mais cara do que as outras. Mas vai agregar pelo valor que ela tem."

    Os produtores podem colher até 90 toneladas de Dulciana por hectare.

    Cechinatto espera que 47 kg da Dulciana cheguem a ser cotados acima de R$ 50 -ante R$ 30 das demais cebolas tradicionais.

    A expectativa é que não haja aumento significativo de preço para o consumidor.

    "Essa cebola é diferente e vai atingir um público maior. Deve sair bem nas vendas. Já mandei para Mato Grosso, Porto Alegre", disse o distribuidor Nivaldo Tuesca.

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