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Mercado
Tuesday, 30-Apr-2024 23:51:36 -03Para avançar no crédito, bancos colocam agrônomo na agência
DANYLO MARTINS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA17/09/2017 01h00
Um dos principais setores da economia brasileira, o agronegócio está cada vez mais na mira de grandes bancos privados. Bradesco, Itaú e Santander traçam estratégias para abocanhar uma fatia do crédito rural, hoje liderado pelo Banco do Brasil, com quase 60% do mercado.
O movimento das instituições ganha força em meio a uma safra que terá R$ 190 bilhões para financiar o setor, volume 3% superior em relação à temporada anterior.
AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL Setor contorna crise com novas tecnologias Demanda por crédito no BNDES para máquina agrícola supera expectativa Produtor agrícola cobra mais subvenção para seguro da safra Produtores precisam mostrar que são um bom risco, diz diretora de banco Bunge promete assistência a agricultores por fatia antecipada da colheita de soja Além disso, as taxas de juros subsidiadas ficaram menores nas linhas de custeio, comercialização e investimento, de acordo com o Plano Safra 2017/2018, que iniciou em julho e termina em junho do ano que vem.
Novato no crédito rural (começou em janeiro de 2016), o Santander tem investido para reforçar a atuação no setor. Do ano passado para cá, o banco contratou mais de 50 agrônomos para trabalharem nas 300 agências vocacionadas ao agronegócio.
No primeiro semestre, a instituição inaugurou oito escritórios direcionados ao produtor rural e prevê abrir outros oito até o fim do ano.
O agronegócio será uma das alavancas de crescimento do banco, afirma Carlos Aguiar, superintendente-executivo de agronegócios.
No financiamento ao setor, esses sinais começam a aparecer: no segundo trimestre, a carteira de crédito rural da instituição (incluindo pessoa física e pessoa jurídica) cresceu 72% em relação ao mesmo período de 2016 -e espera crescer ao menos 10% na safra 2017/2018.
Em julho, o Bradesco abriu o primeiro espaço, com um grupo de especialistas em crédito rural, e planeja inaugurar mais seis plataformas nesse modelo até o fim deste ano, segundo Rui Pereira Rosa, superintendente de agronegócios do banco.
"O objetivo é levar, além do crédito, outras áreas que tenham envolvimento com agronegócio, como seguros, cartões e câmbio", diz.
O Bradesco viu sua carteira de crédito rural (somando pessoa física e pessoa jurídica) crescer 18,9% no segundo trimestre.
O Itaú BBA, braço de atacado do Itaú Unibanco, espera um aumento de mais de 40% na carteira, formada por grandes produtores rurais.
"Dos cerca de 300 produtores que queremos atingir, devemos fechar neste ano próximo de 200 e, para 2018, a previsão é chegar perto de 250 clientes", afirma Guilherme Pessini, superintendente de agronegócio do Itaú BBA.
A baixa inadimplência do agronegócio nos últimos anos é outro ingrediente que ajuda a atrair os bancos.
"É um setor com notícias positivas em termos de ganho de produtividade, exportação, safras recordes", diz Wilson Vaz de Araújo, diretor do Ministério da Agricultura.
RECURSOS
Com a queda da Selic (taxa básica de juros), as linhas próprias dos bancos para financiamento ao setor têm ganhado força, complementando o crédito rural oficial.
A redução do juro básico nos últimos meses pelo BC (hoje em 8,25% ao ano, menor patamar desde 2013) diminui o custo de captação por meio de papéis como LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas).
"Apostamos muito no avanço da LCA como fonte de recursos, principalmente em um cenário de juros mais baixos", afirma Tarcísio Hübner, vice-presidente de agronegócios do BB. No primeiro semestre, o banco desembolsou mais de R$ 500 milhões com recursos oriundos de emissões desse instrumento.
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