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    Devolução de dinheiro ao Tesouro vai depender do PIB, diz BNDES

    MARIANA CARNEIRO
    DE BRASÍLIA

    16/09/2017 03h40

    Rafael Andrade - 30.jan.2009/Folhapress
    ORG XMIT: 584501_1.tif O prédio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) fotografado ao lado da sede da Petrobras, na avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro (RJ). (Rio de Janeiro, RJ, 30.01.2009. Foto de Rafael Andrade/Folhapress)
    Sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), no centro do Rio de Janeiro (RJ)

    A revisão do crescimento econômico para cima neste ano e em 2018 pode atrapalhar os planos do governo Michel Temer em ter de volta R$ 180 bilhões do BNDES.

    O governo solicitou a devolução de R$ 50 bilhões neste ano e R$ 130 bilhões no ano que vem como parte dos cerca de R$ 500 bilhões injetados no banco de 2008 a 2014.

    O objetivo na época era elevar a oferta de crédito e evitar a retração da economia. Mas os repasses contribuíram para o aumento da dívida pública, cujo ritmo acelerado de expansão é hoje preocupante.

    A diretoria do BNDES está preparando um cardápio de cenários para a devolução de acordo com diferentes expectativas de crescimento. O temor é que faltem recursos para emprestar se a economia crescer mais que o previsto.

    "Temos várias opções para esse resgate antecipado. Se o PIB crescer 3,5%, será uma opção de resgate, se crescer 2%, outra. Em cima desses cenários, vamos conversar e ver o que pode ser resgatado", disse o diretor do banco Carlos Thadeu de Freitas.

    Ele observa que o governo já vem sinalizando que a economia pode crescer mais: 1% neste ano e 3% em 2018, ante as previsões atuais de 0,5% e 2%, respectivamente.

    "Não quer dizer que, pelo fato de ter pedido R$ 180 bilhões, o BNDES possa resgatar o mesmo valor. Vai depender do nosso fluxo de caixa e das circunstâncias, que estão mudando muito rapidamente", disse. "A demanda por R$ 180 bilhões ocorreu em um momento em que a economia estava fraca."

    Assim, a devolução da quantia solicitada não deverá ser possível, indicou o diretor do BNDES, sob pena de o banco ficar "inoperante".

    "O BNDES não tem caixa suficiente para devolver R$ 180 bilhões, porque parte dos recursos está comprometida com finalidades definidas."

    Segundo o balanço do banco em junho, o BNDES tinha R$ 173 bilhões em caixa.

    Com o ritmo lento de investimentos e de desembolsos, está entrando mais dinheiro (em pagamentos de empréstimos já concedidos) do que saindo em novas operações de crédito —a sobra até junho alcançou R$ 45 bilhões. Esse aumento de caixa é um dos principais argumentos do governo em defesa da devolução.

    Freitas diz, porém, que o banco já nota um aumento recente na demanda por pedidos de novos financiamentos. E que isso deve se acelerar com a retomada da economia.

    PEQUENO EMPRESÁRIO

    Ele adiantou ainda que uma nova modalidade de empréstimos deve entrar em operação, como projeto-piloto, nos próximos meses.

    Trata-se de uma linha de crédito que dispensa o tomador de oferecer garantia real, o que, segundo ele, será alvo de grande procura de pequenos empresários. O limite do empréstimo será de R$ 20 milhões, com taxa de juros do BNDES de 4,3% ao ano.

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