• Mercado

    Wednesday, 01-May-2024 20:34:24 -03

    Congresso debate fundos de doações para universidades

    LAÍS ALEGRETTI
    DE BRASÍLIA

    17/09/2017 02h00

    Lalo de Almeida - 12.nov.2014/Folhapress
    SAO PAULO, SP. 12/11/2014. Instituto de Biociencias da USP na Cidade Universitaria. ( Foto: Lalo de Almeida/Folhapress, COTIDIANO ) *** ESPECIAL USP ***
    Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo)

    Diante da reclamação sobre a falta de recursos na educação superior, voltaram a tramitar no Congresso projetos antigos que preveem a criação de fundos patrimoniais para permitir que pessoas físicas e empresas façam doações a universidades.

    Representantes dos ministérios da Educação, do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil têm tido reuniões para tratar do assunto, mas, segundo pessoas com conhecimento da questão, ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre as propostas.

    Enquanto a Educação defende a criação dos fundos, a área econômica tem o pé atrás em relação à possibilidade de implementar um estímulo fiscal via dedução do Imposto de Renda, ainda que não ocorra, necessariamente, um grande volume de doações.

    Ao mesmo tempo, a associação dos reitores defende a criação desses fundos, mas teme que o governo use as doações para substituir repasses de recursos públicos.

    "Queremos que as universidades possam receber doações, mas queremos nestas condições: que tenhamos total autonomia para gerir os recursos e que as doações não substituam as dotações orçamentárias regulares", disse o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Emmanuel Tourinho.

    Nos últimos dias, voltaram a tramitar nos Congresso pelo menos dois projetos antigos que tratam do assunto.

    No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos aprovou um projeto de 2015 que prevê que as doações possam ser usadas para obras, equipamentos, bolsa de estudos e qualificação, entre outros.

    O texto, que também precisa passar pela Câmara, estava pronto para ser votado no colegiado desde 2016.

    O projeto que tramita na Câmara é ainda mais antigo: foi apresentado em 2012. Na última semana, esse texto que cria os fundos patrimoniais foi pautado na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Devido a um pedido de vista, a votação foi adiada.

    ESTÍMULO FISCAL

    O texto da Câmara prevê que os doadores tenham a opção de deduzir do IR os valores das doações até o limite de 12%, assim como as demais deduções.

    O projeto do Senado prevê que as deduções só possam ocorrer a partir de 2021.

    Para o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Educação, Felipe Sigollo, "a grande discussão" é o estímulo fiscal. "A saúde encontrou formas de financiamento que a gente ainda não encontrou. Outras áreas têm incentivos fiscais que a educação não tem, como a Lei Rouanet [incentivo à cultura], incentivo ao esporte."

    A pasta da Educação quer mudanças no texto da Câmara, como a ampliação do uso da verba para o ensino. Da forma como está, o projeto contempla apenas pesquisa.

    Outra mudança necessária, na avaliação da equipe da Educação, é dar poder de decisão ao doador em relação à forma como a verba será utilizada. "É importante que o doador tenha protagonismo. Ele dá o dinheiro, ele participa de um conselho, de um comitê gestor para dizer o que pode ser feito", disse Sigollo.

    A relatora da proposta da Câmara, Soraya Santos (PMDB-RJ), espera que o texto seja votado na comissão em caráter terminativo nesta semana e, com isso, vá para o Senado sem ter de passar pelo plenário da Câmara.
    O Ministério da Fazenda informou que o assunto ainda tem de ser estudado.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024