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    Fundador da JBS volta ao comando da empresa

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    17/09/2017 15h23 - Atualizado às 09h26

    Nelson Antoine/Folhapress
    O sócio e presidente global da JBS, Wesley Batista, deixa a sede da Polícia Federal, em São Paulo, nesta quarta
    O empresário Wesley Batista ao deixar sede da Polícia Federal, em São Paulo

    O conselho de administração da JBS escolheu José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, para o cargo de diretor executivo. Ele vai substituir Wesley Batista no comando do grupo, após a prisão do empresário na última quarta-feira (13).

    Fundador da JBS e pai de Joesley e Wesley Batista, Zé Mineiro deve continuar como CEO até abril de 2019, quando terminaria o mandato de Wesley Batista e da atual diretoria.

    Seu nome foi aprovado por unanimidade no colegiado, inclusive pela representante do BNDES, que, segundo o banco, votou por conta própria, sem consultar o comando da instituição.

    À Folha Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, disse que a conselheira votou de forma "autônoma" e que está avaliando que medidas serão tomadas. Ele criticou a reunião realizada "na calada da noite" e disse que "a administração da JBS está escrevendo um compêndio completo de má governança".

    Com 84 anos, Zé Mineiro receberá apoio de três executivos: Gilberto Tomazoni, presidente das operações globais da JBS, André Nogueira, presidente da JBS nos EUA, e Wesley Batista Filho, que se tornou diretor estatutário. O patriarca da família ainda dá expediente diário na JBS, apesar da idade avançada.

    Segundo os assessores dos Batistas, a volta de Zé Mineiro ao comando é uma maneira de focar no compliance e na gestão e ganhar tempo em meio à turbulência, enquanto a família prepara a terceira geração para assumir.

    Além de Wesley Filho, também vem ganhando espaço Aguinaldo Gomes Ramos Filho, neto de Zé Mineiro e filho de uma das três irmãs do clã. Ele trabalhou nas operações da empresa no Uruguai e no Paraguai (vendidas ao concorrente Minerva para fazer caixa) e se tornou membro do conselho no lugar do pai, que também renunciou ao cargo no colegiado da JBS.

    MADRUGADA

    A reunião extraordinária do conselho da JBS para discutir a sucessão de Wesley começou às 19 horas de sábado (16) e durou até a 1h deste domingo (17). O nome de Wesley Filho chegou a ser proposto pela família, mas houve forte resistência do BNDES.

    A advogada Claudia Santos, representante do banco estatal, disse que o executivo seria visto pelo mercado como uma solução definitiva e também seria criticado por sua pouca idade, apesar de comandar a operação americana de carne bovina.

    A família sugeriu então o nome de Zé Mineiro e o presidente do conselho, Tarek Farahat, disse que a JBS contrataria uma consultoria para preparar a sucessão, conforme vinha sendo solicitado pelo BNDES.

    Com 21% de participação, o banco pressiona pela saída dos Batistas do comando desde a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley.

    Para surpresa dos assessores dos Batistas, a representante do BNDES aceitou. Santos, que já apresentou sua carta de demissão ao banco, disse aos diretores do BNDES no domingo (17) que avaliou ser a melhor forma de evitar que a empresa seguisse acéfala após a prisão de Wesley.

    Nesta segunda-feira (18), o BNDES deve anunciar seus novos representantes no conselho da JBS. Um deles será Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat. O banco tem direito a duas cadeiras no colegiado, mas uma delas está vaga desde a semana passada, quando o conselheiro anterior renunciou. A JBS também informou que vai procurar um diretor financeiro –outra demanda do BNDES.

    A manutenção dos Batistas no comando da empresa pode ser mal recebida pelos investidores e pelos bancos credores, que preferiam a indicação de um executivo profissional para blindar a empresa da prisão de Joesley e Wesley. A expectativa da família é que a criação do comitê de executivos, que vai assessorar Zé Mineiro, acalme o mercado.

    O maior receio dos bancos é que a crise atrapalhe as vendas de outros ativos do grupo, comprometendo a entrada de recursos para pagar dívidas. Os negócios estão atrelados ao acordo de leniência da holding J&F, que congrega os negócios da família, com o Ministério Público.

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