Apu Gomes - 9.fev.2015/Folhapress | ||
Usina hidrelétrica de Furnas, em Capitólio (MG) |
-
-
Mercado
Thursday, 14-Nov-2024 04:57:25 -03Baixo nível de água nas hidrelétricas vai deixar a conta de luz mais cara
ALEXA SALOMÃO
EDITORA DE "MERCADO"23/09/2017 02h00
O nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas do país está entre os mais baixos da história e se aproxima do registrado durante o racionamento entre 2000 e 2001.
As térmicas afastam o risco de falta de energia. A previsão, porém, é de estiagem e de aumento na conta luz, alertam especialistas do setor. "Estamos perto dos níveis pré-racionamento, os mais críticos já vistos", diz o consultor de energia Ricardo Lima.
A expectativa é que a conta de luz em outubro venha com a taxa extra máxima, a chamada bandeira vermelha no patamar 2. Significa que será cobrado um adicional de R$ 3,50 a cada 100 kWh de energia consumidos nas residenciais.
Falta d'água - Reservatórios do Nordeste atingem níveis próximos aos de racionamento
O cenário é de aumento também para empresas que se abastecem no chamado mercado livre, onde é possível comprar e vender energia por meio de contratos entre as partes, sem a intermediação de uma distribuidora.
Quem firmar um novo contrato agora pode ter aumentos de até 30%, estima Marcelo Parodi, sócio da comercializadora Compass Energia.
O mercado livre hoje é muito pulverizado. Mais de 6.000 empresas, entre grandes indústrias, mas também redes de supermercados, shoppings, hotéis e prédios empresariais, estão no mercado livre.
"Muitas empresas, cujos contratos estão vencendo, preferem esperar o início do verão e das chuvas, na expectativa de conseguir preços melhores e evitar uma alta nos custos justo agora, quando há sinais de retomada e a expectativa é de recuperação do fôlego financeiro, não de mais arrocho", diz Parodi.
CENÁRIO
As projeções do ONS (Operador Nacional do Sistema), organismo responsável pelo monitoramento e gestão das barragens de hidrelétricas, são desalentadoras.
A expectativa, segundo Marcelo Prais, assessor da diretoria do ONS, é que os reservatórios do Sudeste fechem o mês com 25% da capacidade. No mesmo mês do ano passado estavam perto de 40%. No Nordeste, onde a situação é mais crítica, o nível deve ficar em apenas 9%.
Para colocar em contexto, em nível nacional, Prais lembra que se trata do quinto pior patamar registrado na série histórica, que inclui 85 anos. Nas usinas do Norte e do Nordeste, porém, é o mais baixo da história.
"O parque térmico, que inclui usinas nucleares, a gás, óleo, carvão, além de parques eólicos, está garantindo o abastecimento", diz Prais.
Na quinta-feira (21), por exemplo, elas responderam por 23% do suprimento nacional. No Nordeste, metade da carga é mantida pelas eólicas.
Na última reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico, os meteorologistas deixaram claro que a tendência dos próximos meses é de continuidade da seca —e de redução no volume de água nas barragens.
As chuvas no Sudeste dependem da concentração de umidade na Amazônia, fenômeno que está demorando a ocorrer. Como o solo na região Norte permanece seco, a tendência é que quando a água cair por lá, demore ainda mais chegar ao Sudeste.
"A previsão, até o momento é de um 2018 mais seco, de reservatórios mais baixos e, assim, de energia mais cara", diz João Carlos Mello, sócio da consultoria Thymos.
Nesse ambiente, a estratégia do Ministério das Minas e Energia é expor a situação para os consumidores e defender o uso racional da energia, explica Paulo Pedrosa, secretário-executivo do ministério.
Segundo Pedrosa, o governo vem tomando uma série de providências para reforçar a segurança do sistema. O cronograma de ampliação da oferta prevê um aumento de 2.200 MW de capacidade neste ano. Novas linhas de transmissão vão colocar no sistema outros 3.500 MW das usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, da região Norte.
Entre as medidas em andamento também estão ajustes na capacidade das linhas de transmissão, a importação de energia da Argentina e a ordem para liberar operações de novas térmicas. Mas a garantia de energia, diz Pedrosa, não exime o consumidor de fazer a sua parte.
"Não há risco de desabastecimento, tem energia nova entrando no sistema, mas precisamos ser transparentes com o consumidor e mostrar que é razoável economizar para conter o aumento da tarifa. Assim, estamos avaliando também fazer campanhas para sugerir o uso eficiente da energia", diz Pedrosa.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -