O novo presidente-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi, visitará Londres na terça-feira (3) para negociações com a autoridade de transportes da capital britânica, depois do anúncio de revogação da licença da companhia para operar em um de seus mercados mais importantes.

Dara, que assumiu no final de agosto o comando da Uber, antes detido por Travis Kalanick, se reunirá com Mike Brown, o comissário da Transporte for London (TfL). A organização afirmou na semana passada que a Uber era "inapropriada e inapta" a manter sua licença para operar em Londres.

Notícias sobre a reunião surgiram menos de 24 horas depois que a primeira-ministra britânica Theresa May classificou a decisão da TfL como "desproporcional".

A TfL e Sadiq Khan, o prefeito de Londres que preside a organização, também estão sob pressão devido a uma petição assinada por mais de 822 mil pessoas, exigindo que a TfL renove a licença da companhia.

No entanto, a reunião também será crucial para Khosrowshahi, que prometeu que transformará a cultura empresarial da Uber. As preocupações da TfL sobre a empresa incluem a opacidade de seu software, que impede que as autoridades regulatórias fiscalizem suas operações, e o fato de ela não ter reportado supostos casos de agressão sexual por parte de seus motoristas.

Khosrowshahi pediu desculpas na segunda-feira pelos "erros" da empresa em Londres e prometeu corrigi-los.

"Nosso novo presidente-executivo aguarda ansiosamente a oportunidade de uma reunião com o comissário na semana que vem", afirmou a Uber em comunicado. "Como ele disse na segunda-feira, desejamos trabalhar com Londres para corrigir as coisas."

A TfL afirmou que "depois de um contato iniciado pela Uber, e a pedido do prefeito, o comissário do transporte de Londres se reunirá com o presidente-executivo mundial da Uber em Londres na próxima terça-feira".

Depois do pedido de desculpas de Khosrowshahi, Khan declarou que a TfL deveria dialogar com a Uber mesmo que as duas partes estivessem envolvidas em uma disputa judicial.

A licença da Uber para operar em Londres expira no final do sábado, mas a empresa ainda conta com duas semanas de um período de carência de 21 dias no qual pode continuar operando. Ela também será autorizada a continuar operando em caso de um recurso judicial.

Uma pessoa familiarizada com a decisão da TfL disse que a agência teve pouca escolha quanto a cancelar a licença, dada a relutância da Uber em cooperar com o trabalho de fiscalização.

Embora Khan tenha sido o foco de boa parte da controvérsia criada pela decisão, o comunicado da TfL deixa claro que Khosrowshahi se reunirá apenas com Brown.

A decisão reflete a insistência das autoridades de Londres em que a decisão de não renovar a licença foi tomada pela TfL em sua condição de autoridade regulatória e teve base técnica, em lugar de ter sido tomada pelo prefeito por motivos políticos.

Khan, que é membro do Partido Trabalhista, de oposição, vem sendo um prefeito sempre cauteloso, que busca o consenso, e tenta evitar controvérsias sempre que possível.

_{Tradução de PAULO MIGLIACCI}