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    Irmãos Batista vendem quase metade do grupo para preservar a JBS

    RAQUEL LANDIM
    GUSTAVO QUEIROLO
    DE SÃO PAULO

    01/10/2017 02h00

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Wesley e Joesley Batista, da JBS, empresa da holding J&F
    Wesley e Joesley Batista, da JBS, empresa da holding J&F

    Desde que veio a público a delação premiada, os irmãos Joesley e Wesley Batista já se desfizeram de praticamente metade dos negócios para salvar seu império.

    As empresas vendidas até agora foram avaliadas em R$ 24,4 bilhões, enquanto o valor de mercado das companhias que ainda pertencem à família está em cerca de R$ 26,4 bilhões.

    Banqueiros ponderam, no entanto, que os investidores vêm subavaliando a JBS, carro-chefe do grupo, enquanto o comprador da fabricante de celulose Eldorado pode ter sido otimista demais –o negócio foi avaliado em R$ 15 bilhões.

    DE ONDE VÊM OS GANHOS DA JBS - Participação na receita total, em %

    Uma evidência disso é que as empresas já vendidas têm juntas receita líquida equivalente a 9% dos cerca de R$ 170 bilhões da JBS.

    A JBS vale na Bolsa R$ 23 bilhões, mas os especialistas do setor acreditam que poderia ser muito maior se ela abrisse capital no exterior –projeto que travou após a prisão dos dois irmãos.

    Desde que o escândalo estourou, a estratégia adotada pelos Batista tem sido preservar o máximo que puderem a JBS, fundada pelo seu pai em 1953, e vender todo o resto para pagar dívidas e acalmar os credores.

    abate por dia -

    Os irmãos venderam também Alpargatas (R$ 3,5 bilhões), Vigor (R$ 4,3 bilhões), metade da Itambé (R$ 600 milhões), e as operações da JBS no Mercosul (R$ 1 bilhão).

    Eles têm ainda o Banco Original (avaliado em R$ 2,2 bilhões), as termelétricas da Âmbar (R$ 800 milhões) e a empresa de higiene e limpeza Flora (R$ 400 milhões).

    A Âmbar e as marcas da Flora estão à venda, mas não tem sido fácil encontrar um comprador. Já o banco está envolvido em operações investigadas pela Justiça.

    VALOR DA AÇÃO - Em R$

    CRONOLOGIA

    1953 - Cinco bois por dia era o abate da casa de carnes aberta por José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, em Brasília

    1968 - Compra do primeiro frigorífico, em Planaltina (DF)

    1970 - Adquire a segunda unidade, em Luziânia (GO)

    1990 - Wesley e Joesley passam a atuar em frigoríficos da família

    1994-2000 - Forte expansão com a compra de frigoríficos concorrentes em dificuldade financeira

    2005 - Começa a internacionalização. Compra da Swift Armour, na Argentina, com crédito do BNDES

    2007 - Abertura de capital na Bolsa de SP. Compra da Swift no exte- rior, com apoio do BNDES, que se torna sócio da Flora, empresa de higiene

    2008 - Compra da área de bovinos da Smithfield e do confinamento Five Rivers nos EUA, também com crédito do BNDES, e do Tasman Group na Austrália

    2009 - Compra da Pilgrim's Pride nos EUA. Início do abate de aves. Fusão com o frigorífico Bertin no Brasil. No negócio vem a Vigor

    2010 - Expansão das operações na Austrália com duas aquisições e compra de grupo na Bélgica

    2011 - Compra marcas da Hypermarcas e reforça a Flora. Fusão do Banco JBS, que era da família, com o Banco Matone (adquirido) cria o Banco Original

    2012 - Criação da hol- ding J&F. Entra em frango no Brasil, energia e celulose, junto com fundos de pensão, Petros e Funcef, e crédito do BNDES e do FI-FGTS

    2013 - Com a compra da Seara, JBS se torna a maior processadora de frango do mundo. Vigor compra 50% da Itambé

    2014 - Aquisição da Tyson no Brasil e no México, e da Primo, na Austrália. J&F se torna o maior financiador de campanha do Brasil, gastando R$ 367 milhões

    2015 - Compra da Alpargatas no Brasil, da processadora de frango Moy Park na Europa e do negócio de suínos da Cargill nos EUA

    2016 - BNDES veta reestruturação da JBS que levaria sede fiscal para a Irlanda

    2017
    Março: Aquisição da Plumrose, nos EUA.
    Julho: JBS renegocia dívida com os bancos
    Julho: J&F inicia o processo de venda de ativos

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