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    Presidente do BNDES diz que juros no Brasil são 'pornografia econômica'

    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    04/10/2017 10h07

    Adriano Machado - 23.ago.2017/Reuters
    Paulo Rabello de Castro, chief executive officer of Brazilian state development lender BNDES gestures during a ceremony to launch the new program of the Brazilian state development lender BNDES at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil August 23, 2017. REUTERS/Adriano Machado ORG XMIT: UMS10
    O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, durante cerimônia no Palácio do Planalto em agosto

    Em seminário na Câmara Árabe-Brasileira nesta quarta (4), o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, criticou duramente os juros altos no Brasil, que classificou de "pornografia econômica", e o grupo de economistas que apoiam a redução do tamanho do banco de fomento.

    Segundo Rabello de Castro, a participação do BNDES na economia realmente tem caído, mas "a única coisa que não cai é o juro real".

    "Só o juro nominal cai. A TJLP [taxa de juros de longo prazo que hoje baliza os financiamentos do BNDES] se esqueceu de cair. Continua rígida nos 7%", disse.

    O economista afirmou que os juros altos significam "a instalação da pornografia econômica no Brasil".

    "Queremos mais moralidade no Brasil? Comecemos pelos juros", disse. "Às vezes a imoralidade veste terno e gravata". No Brasil, afirmou, o passado é incerto e, "dependendo da última delação", se muda o passado.

    Em discurso inflamado, Rabello de Castro disse que "país de juro alto não tem direito a futuro". Nesse cenário, disse ele, há um grande incentivo a um eterno "presente". "E presente é carnaval. É um grande fevereiro o Brasil do juro alto", afirmou.

    'ECONOMISTAS DA MEIA-ENTRADA'

    "Tem gente aí, economistas da 'meia-entrada', que comemora que o banco de desenvolvimento está encolhendo. Em breve, encolherá a ponto de não ser mais perceptível. Muito bem, parabéns", disse ele em tom de ironia.

    Ao citar a "meia-entrada", Rabello de Castro se referiu ao termo desenvolvido pelos economistas Marcos Lisboa e Zeina Latif em texto no qual criticam os subsídios econômicos existentes na economia brasileira, dentre eles os juros mais baixos do BNDES oferecidos especialmente a grandes empresas.

    O BNDES, disse Rabello de Castro, é o banco associado ao produtivismo, daí ser objeto de inúmeras críticas hoje. Para ele, no entanto, o BNDES é órgão público, portanto político, e "sabe se virar" sem a ajuda da União.

    O economista, que na terça (3) anunciou sua filiação ao PSC e a vontade de concorrer à presidência da República, criticou também o novo teto de gastos.

    Disse que, nele, a rubrica "investimentos" deveria ser mandatória no Orçamento e todas as demais, incluindo a "Previdência e o salário de desembargadores, enfim, a família brasileira", contingentes.

    Rabello de Castro afirmou ainda que, além do PPI, o programa de concessões do governo de Michel Temer, é preciso de um plano "para saber para onde o país vai."

    JBS

    Rabello de Castro defendeu a carteira de investimentos do banco de fomento e disse que o BNDES não perdeu nada com JBS, produtora de proteína animal envolvida na Operação Lava Jato.

    Ele disse que o banco de fomento vai continuar ganhando com a companhia, "assim que a governança por lá melhorar".

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