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    ANP permite que Petrobras reduza compras no país para projeto de Libra

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    04/10/2017 16h09 - Atualizado às 21h56

    Ricardo Moraes/Reuters
    Brazil's state-run Petrobras oil company headquarters is pictured in Rio de Janeiro, Brazil, August 10, 2017. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: RJO01
    Sede da Petrobras no Rio de Janeiro

    Petrobras e seus sócios no projeto de Libra, no pré-sal,vão poder usar um número menor de componentes brasileiras em seu primeiro projeto na área. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) aceitou parcialmente pedido da estatal e seus sócios para reduzir o compromisso de compras no país para a primeira grande plataforma em Libra.

    A contratação da unidade foi iniciada em 2015, mas não foi concluída ainda à espera de definição da ANP. A Petrobras alega que o projeto é inviável se tiver que respeitar o índice de nacionalização previsto em contrato, de 55%.

    A primeira licitação foi cancelada, segundo a empresa, por preços 40% superiores aos praticados no mercado internacional.

    A segunda tentativa, iniciada em 2016, já incluindo a possibilidade de redução do índice, foi suspensa por liminar obtida pelo Sinaval (Sindicato das Empresas de Construção e Reparo Naval).

    A Petrobras tem como sócios em Libra a Shell, a Total e as chinesas CNOOC e CNPC. Segundo a estatal, um projeto demanda em torno de US$ 5,5 bilhões em investimentos, incluindo a plataforma, poços e equipamentos submarinos. A plataforma terá capacidade para produzir 180 mil barris por dia.

    Na decisão sobre o tema, divulgada nesta quarta (4), a ANP defere parcialmente o pedido do consórcio, negando a redução dos índices para sete itens, como sistemas de ancoragem e filtros; reduzindo os percentuais para outros 14; e isentando de conteúdo local nove itens, como o casco e turbina a gás.

    DECISÃO

    O vice-presidente do Sinaval, Sergio Bacci, disse que a decisão representa um avanço para a indústria, por manter índices de nacionalização, mas é ruim para os estaleiros, já que permite a compra do casco no exterior.

    "O principal negócio de um estaleiro é construir casco", criticou, alegando que a indústria naval brasileira tem condições de realizar a obra no país.

    A decisão será submetida a Justiça, que definirá se mantém ou não a liminar obtida pelo Sinaval. Na segunda licitação, o menor preço para a construção da plataforma foi apresentado pela japonesa Modec.

    Libra foi a primeira área do pré-sal licitada pelo regime de partilha da produção, no qual o governo participa do consórcio por meio da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA). É a maior descoberta de petróleo do país, com reservas estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris.

    Procurada, a Petrobras disse que está avaliando a decisão. A Folha apurou, porém, que a empresa considera que o projeto poderá ser desenvolvido com novas condições.

    Além de Libra, já pediu isenção do compromisso de conteúdo local para a plataforma de Sépia, também no pré-sal. O governo estuda alterar contratos assinados desde 2005 para reduzir os índices, sob o argumento de que vai destravar investimentos.

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