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    Inflação surpreende e economistas elevam projeção para 2017

    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    07/10/2017 02h00

    Zanone Fraissat - 2.fev.2015/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 02-02-2015: Automóvel em posto de gasolina, em São Paulo (SP). Houve aumento nos preços dos combustíveis (Gasolina e Diesel) nos postos da capital paulista. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress, COTIDIANO)
    Inflação de setembro foi influenciada por alta nos combustíveis

    A inflação de setembro surpreendeu. Subiu 0,16%, influenciada pela pressão dos combustíveis sobre o setor de transportes. Os economistas esperavam a metade disso.

    A tênue mudança de rumo fez com que uma leva de analistas revisasse levemente para cima as projeções para do indicador no ano. Já se estima que pode chegar a 3%. Em 12 meses, encerrado em setembro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tem alta de 2,54%

    De janeiro a setembro, porém, a inflação acumulada ainda impressiona pelo baixo valor: está em 1,78%, a menor taxa desde 1998 para o período.

    Hoje, a meta de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

    Inflação - Variação do IPCA, em %

    Uma inflação de 3% no ano não preocupa e resolveria o inusitado problema de o Banco Central ter de se explicar. Pelas regras, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, teria de escrever, pela primeira vez na história, uma carta justificando a inflação abaixo do piso da meta.

    Segundo os analistas, os preços um pouco acima do esperado não têm força para alterar as projeções para os juros, que devem encerrar o ano em 7% –um recorde histórico.

    Embora o número de setembro tenha colocado fim a um ciclo de mais de uma ano de desaceleração de preços no acumulado de 12 meses, a economia em recuperação gradual e o fraco mercado de trabalho continuam a contribuir com uma inflação comportada por mais tempo.

    REVISÃO

    A LCA Consultores revisou o IPCA para o ano de 2,9% para 3%, incorporando a inflação de setembro e também uma trajetória menos benigna para os preços de energia.

    Segundo o economista Fábio Romão, o Banco Central deve levar os juros a 7% em dezembro, não só porque a surpresa com a inflação foi pequena, mas também porque os preços de serviços, relevantes para a política monetária, andaram de lado.

    Fábio Ramos, do UBS Brasil, também revisou a inflação do ano de 2,9% para 3%.

    Segundo ele, os dados de setembro sinalizam que o processo de deflação de alimentos deve se encerrar em outubro, após cinco meses consecutivos de queda. "Isso não quer dizer que a inflação vai subir muito, mas que o seu piso ficou pra trás e, daqui pra frente, vai se normalizar", diz Ramos.

    Os alimentos acumulam queda superior a 5% no ano e foram cruciais para a queda da inflação cheia.

    Com a reação dos alimentos, afirma Ramos, as chances dos juros caírem abaixo de 7% diminuem.

    Não é, no entanto, o que pensam Bradesco e Itaú.

    O Bradesco prevê o IPCA em 3% neste ano e 3,9% no ano que vem. Com isso, a Selic deve chegar a 6,75% em fevereiro de 2018.

    Já o Itaú espera uma Selic ainda mais baixa, em 6,5% em fevereiro.

    Felipe Salles, do Itaú Unibanco, lembra que, a inflação de setembro não assusta porque não foi espalhada.

    Do 0,06 ponto acima do esperado, só o gás de botijão respondeu por metade disso.

    "Não é nada generalizado", diz. "O pessoal estava acostumado a ser surpreendido para baixo e estranhou".

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