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    Estabilidade financeira global melhorou, mas há riscos, diz FMI

    DA REUTERS

    11/10/2017 10h46

    Mike Theiler/Reuters
    A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, durante os encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington
    A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, durante encontros do FMI e do Banco Mundial

    A recuperação econômica global fortaleceu a estabilidade financeira, mas condições monetárias e financeiras frouxas em um cenário de inflação fraca estão elevando os riscos no médio prazo, afirmou o FMI (Fundo Monetário Internacional) nesta quarta-feira (11).

    O FMI, cujas reuniões com o Banco Mundial começam em Washington ainda nesta semana, também disse que os riscos estão mudando dos bancos, que fortificaram seus balanços patrimoniais, para os mercados financeiros à medida que os spreads de crédito (diferença entre a taxa de captação e a de empréstimo) se comprimem, a volatilidade diminui e os preços dos ativos aumentam.

    "Embora o aumento do apetite por risco e a procura por rendimentos sejam uma consequência bem-vinda e pretendida das medidas de política monetária não convencionais, há riscos se essas tendências se estenderem muito", afirmou o FMI em seu relatório de estabilidade financeira global bianual.

    Uma busca prolongada por rendimentos elevou a sensibilidade do sistema financeiro aos riscos de mercado e de liquidez, disse o fundo, mantendo esses riscos elevados.

    O FMI pediu aos reguladores nacionais para considerarem cuidadosamente qualquer proposta que torne o capital, a liquidez ou padrões prudenciais muito frouxos, "dado de seu potencial para prejudicar a agenda de harmonização regulatória global."

    Em relação ao desempenho mundial, o FMI se mostrou otimista com o ritmo "mais rápido" da recuperação global. O fundo prevê crescimento de 3,6% para este ano e 3,7% para 2018 —ambos foram elevados em 0,1 ponto percentual em relação às previsões anteriores.

    A estimativa de crescimento para este ano se deve, em grande parte, a uma melhora nas economias desenvolvidas, enquanto o cenário positivo para 2018 é mais influenciado pelos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

    "Apenas um ano e meio atrás, a economia mundial enfrentava um crescimento hesitante e turbulência dos mercados financeiros. O cenário hoje é muito diferente, com crescimento acelerado na Europa, no Japão, na China e nos Estados Unidos", diz Maurice Obstfeld, conselheiro econômico e diretor de pesquisas do FMI.

    O relatório, no entanto, alerta para a necessidade de os mercados e os governos não se deixarem levar pelo otimismo. "Uma análise mais aprofundada sugere que a recuperação global pode não ser sustentável", diz Obstfeld na apresentação. "Nem todos os países estão participando, a inflação geralmente permanece abaixo da meta com fraco crescimento salarial, e a perspectiva de médio prazo ainda decepciona em muitas partes do mundo."

    BRASIL

    O FMI aumentou sua estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil neste ano, de 0,3%, em julho, para 0,7%, com base nos bons resultados vistos no campo e na alta do consumo impulsionada pela liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

    Para 2018, também houve um leve crescimento em relação aos dados divulgados em julho, de 1,3% para 1,5%.

    O funco estimou também que, pela primeira vez desde 2008, a inflação brasileira ficará abaixo da média dos preços da América Latina. O organismo prevê que os preços no Brasil subirão 3,6% neste ano, ante 4,2% da média dos países latino-americanos.

    A inflação brasileira também deve ficar abaixo da média dos países emergentes (4,5%). A última vez que isso aconteceu foi em 2010, quando o índice de preços brasileiros chegou a 5,9%, e o dos emergentes foi a 6,5%.

    O FMI prevê, no entanto, que, em 2022, o Brasil terá a 12ª maior dívida do mundo, representando 96,9% do PIB brasileiro. O valor absoluto estimado é de R$ 8,8 trilhões.

    No ano passado, a dívida brasileira (na relação com o PIB) foi a 40ª maior do mundo (78,3%). Em abril, o FMI previa que o país teria a 19ª maior dívida global em 2022.

    A piora do Brasil é reflexo da deterioração das contas públicas, com as receitas (em queda devido à recessão) não acompanhando o ritmo de crescimento das despesas.

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