• Mercado

    Monday, 06-May-2024 05:41:31 -03

    Receita extra de R$ 8 bilhões divide equipe econômica do governo

    JULIO WIZIACK
    MARIANA CARNEIRO
    DE BRASÍLIA

    12/10/2017 02h00

    O resultado melhor que o esperado com as receitas extraordinárias de setembro dividiram a equipe econômica. Enquanto o Ministério do Planejamento quer usar esses recursos para descongelar gastos, a Fazenda prefere segurá-los para fechar este ano com um deficit menor do que a meta de R$ 159 bilhões.

    Hoje, o governo conta com cerca de R$ 8 bilhões a mais do que o previsto para essas receitas extraordinárias.

    Quase metade desses recursos (R$ 3,9 bilhões) foi resultado do ágio dos leilões em setembro das usinas da Cemig e dos blocos de petróleo.

    A equipe econômica esperava arrecadar R$ 11 bilhões com a venda de quatro hidrelétricas da estatal mineira e faturou R$ 12,1 bilhões.

    Com o leilão dos campos de petróleo, o ganho foi maior. A União previa arrecadar R$ 1 bilhão e recebeu R$ 3,8 bilhões com as outorgas.

    Fazenda e Planejamento ainda precisam se entender para a liberação de R$ 4 bilhões em precatórios "presos" no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.

    Precatórios são recursos de sentenças judiciais depositados em bancos estatais.

    Um projeto de lei aprovado recentemente permite que o governo use automaticamente o dinheiro não sacado há mais de dois anos.

    No entanto, os bancos públicos apresentaram pendências jurídicas que barram essa liberação. Planejamento e Fazenda teriam de baixar uma portaria para resolver o problema, mas ainda não chegaram a um acordo.

    DIVERGÊNCIA

    No mês passado, a equipe econômica liberou R$ 12,8 bilhões que estavam congelados devido a restrições orçamentárias. No entanto, R$ 32,2 bilhões em despesas previstas pelos ministérios e pela administração direta continuam represados.

    Dirigentes de sociedades científicas já foram ao presidente Michel Temer para informar que pesquisas importantes para o país serão paralisadas e, se isso ocorrer, estarão praticamente perdidas. Somente neste ano, há um buraco de R$ 1,3 bilhão no orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia. No próximo ano, essa diferença passará para R$ 2,5 bilhões.

    Parlamentares mineiros querem que parte da verba extra seja empregada em projetos no Estado, como forma de compensação pela perda das usinas da Cemig.

    O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), diz que pediu a Temer R$ 1 bilhão para compra e manutenção de equipamentos para hospitais, além de verbas para as rodovias BR- 381 e BR-367.

    O Planejamento vê sinais consistentes de retomada da arrecadação e, por isso, defende a liberação de recursos.

    A equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prefere a cautela.

    A receita que virá do Refis é o principal fator de incerteza. Da forma como foi aprovado pelo Congresso, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias deverá sofrer vetos de Temer e isso poderá reduzir a previsão de arrecadação de cerca de cerca de R$ 10 bilhões para cerca de R$ 7 bilhões.

    Como fez no ano passado, a Fazenda prefere usar a possível "sobra" de recursos para reduzir o deficit fiscal neste ano, que já foi ampliado de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. Isso daria um sinal de compromisso do governo com o ajuste fiscal.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024