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    Lava Jato

    Para barrar segunda denúncia, Temer promete não privatizar Congonhas

    ALEXA SALOMÃO
    EDITORA DE "MERCADO"
    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA
    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    20/10/2017 02h00 - Atualizado às 09h15
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    O presidente Michel Temer prometeu ao ex-deputado Valdemar Costa Neto retirar o aeroporto de Congonhas da lista de privatizações em troca de votos do PR contra a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República na Câmara dos Deputados.

    Costa Neto foi condenado no mensalão e já não preside o PR. No entanto, segue exercendo forte influência no partido, que tem 37 deputados, quatro senadores e, mesmo fragmentado, recebeu importantes cargos no setor de transportes e tem poder de pressão nessa área.

    Congonhas é o aeroporto mais lucrativo da Infraero. Depois de muita insistência do Ministério da Fazenda, que precisa reforçar o caixa e aliviar o rombo no Orçamento, o Ministério dos Transportes e a Infraero concordaram em colocar Congonhas à venda e o anúncio foi feito.

    Tomada a decisão, nos bastidores, já se discutia que, sem a "joia da coroa", seria preciso privatizar todos os aeroportos da Infraero, que ficaria dependente de recursos da União. Questionou-se também que o modelo de privatização pura de Congonhas, sem levar em consideração outras rotas, não seria a melhor alternativa.

    Em paralelo, Costa Neto reforçou a pressão política para tentar reverter a decisão.

    Pessoas que participaram das discussões afirmam que, além dos votos para barrar a denúncia na Câmara, Temer avaliou que, sem Congonhas, seria preciso injetar imediatamente cerca de R$ 400 milhões na Infraero. E não há recursos disponíveis.

    Quase 15% da receita da Infraero vem de Congonha. O segundo aeroporto mais rentável para a estatal é Santos Dumont, no Rio, que representa cerca de 8% da receita.

    PAMPULHA

    Além de barrar a venda de Congonhas, o partido de Costa Neto conseguiu também a promessa de reabertura do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), para voos entre Estados.

    No ano passado, a proposta de retomada dos voos na Pampulha causou atrito com os sócios privados da concessionária BH Airport, que administra o aeroporto de Confins, a 38 quilômetros da capital mineira.

    Confins foi concedido em 2014 com participação da Infraero de 49%. Os acionistas privados, o grupo CCR e Aeroporto de Zurich, têm 51%.

    Para a BH Airport, a retomada dos voos de longa distância na Pampulha –que desde 2005 passou a atuar apenas com aviação executiva e regional– poderia gerar forte concorrência com Confins, ameaçando o retorno financeiro da concessão e prejudicando a própria Infraero.

    O governo considerou os argumentos e manteve a Pampulha fechada. Para rever a decisão será levado em consideração que o contrato de concessão de Confins não inclui nenhuma cláusula lhe dando exclusividade de voos na região. Assim, há o entendimento de que reabrir a Pampulha não causará problemas jurídicos à União.

    -

    RAIO-X DOS AEROPORTOS

    Confins

    Local
    Confins (38 km de Belo Horizonte)

    Quem administra
    BH Airport (Grupo CCR e Aeroporto de Zurich,com 51%, e Infraero, com 49%)

    Capacidade de passageiros por ano
    22 milhões

    *

    Congonhas

    Local
    São Paulo (8,7 km do centro da capital paulista)

    Quem administra
    Infraero

    Capacidade de passageiros por ano
    17,1 milhões

    *

    Pampulha

    Local
    Belo Horizonte (8 km do centro da cidade)

    Quem administra
    Infraero

    Capacidade de passageiros por ano
    2,2 milhões

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