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    Governo admite que reavalia concessão de Congonhas

    ALEXA SALOMÃO
    EDITORA DE "MERCADO"
    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA
    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    20/10/2017 15h14

    Avener Prado/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 20.07.2016: AEROPORTO-SP - Passageiros na fila de embarque no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, após entrada em vigor das novas regras da ANAC de inspeção de bagagem de mão. (Foto: Avener Prado/Folhapress)
    Passageiros na fila de embarque no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo

    O ministério dos Transportes confirmou nesta sexta-feira (20) que o governo está reavaliando a decisão de concessionar o aeroporto de Congonhas à iniciativa privada, conforme noticiou a Folha.

    De acordo com o comunicado, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, apresentou ao presidente Michel Temer nesta quinta (19) estudos sobre o impacto da privatização do aeroporto de Congonhas sobre a Infraero.

    O ministério informa que Quintella levou ao presidente análises de consultorias independentes e estudos da aviação civil "demonstrando que, sem as receitas do aeroporto de Congonhas, a Infraero perde a sustentabilidade financeira" e "os outros aeroportos do sistema Infraero do país poderiam ser inviabilizados".

    "Diante disso, o governo reavalia a concessão de Congonhas seguindo, única e exclusivamente, argumentação técnico-financeira do ministério, sem interferências políticas externas", diz a nota do governo.

    Segundo a Folha apurou, o presidente Michel Temer prometeu ao ex-deputado Valdemar Costa Neto retirar o aeroporto de Congonhas da lista de privatizações em troca de votos do PR contra a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República na Câmara dos Deputados.

    Costa Neto foi condenado no mensalão e já não preside o PR. No entanto, segue exercendo forte influência no partido, que tem 37 deputados, quatro senadores e, mesmo fragmentado, recebeu importantes cargos no setor de transportes e tem poder de pressão nessa área.

    Congonhas é o aeroporto mais lucrativo da Infraero. Depois de muita insistência do Ministério da Fazenda, que precisa reforçar o caixa e aliviar o rombo no Orçamento, o Ministério dos Transportes e a Infraero concordaram em colocar Congonhas à venda e o anúncio foi feito.

    No fim de agosto, o conselho do PPI (Programa de Parcerias em Investimentos) aprovou a venda do aeroporto de Congonhas na mesma ocasião em que liberou a venda de outras estatais e de projetos controlados pela União, como a Eletrobras e a Casa da Moeda.

    Os planos mostravam que a privatização do aeroporto, o mais lucrativo da Infraero, deveria trazer pelo menos R$ 5,6 bilhões em outorga. Até hoje, as concessões do PPI renderam R$ 6 bilhões em outorgas. Pouco mais da metade dos 89 projetos em andamento foi concluída.

    Tomada a decisão, nos bastidores, já se discutia que, sem a "joia da coroa", seria preciso privatizar todos os aeroportos da Infraero, que ficaria dependente de recursos da União. Questionou-se também que o modelo de privatização pura de Congonhas, sem levar em consideração outras rotas, não seria a melhor alternativa.

    Em paralelo, Costa Neto reforçou a pressão política para tentar reverter a decisão.

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