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    Para investidores, mercado das start-ups se desenvolve mesmo na crise

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    22/10/2017 02h00

    Vinicius Stasolla/Divulgação
    Francisco Jardim, sócio do fundo SP Ventures
    Francisco Jardim, sócio do fundo SP Ventures

    Para investidores de start-ups brasileiras, o setor das iniciantes de tecnologia sofreu pouco com a crise, amadureceu e está aquecido.

    Francisco Jardim, da SP Ventures, fundo especializado em empresas de tecnologia para agricultura, conta ter recebido 54 projetos entre 2007 e 2014. Já nos últimos dois anos e meio, foram 342.

    Além disso, Jardim diz que os empresários estão mais preparados. "Aprenderam como se comunicar com investidores, já vêm com as metodologias novas de criação de empresas incorporadas."

    Jardim diz que o setor se desenvolveu, mesmo na crise, porque a capacidade de crescimento desses negócios existe mesmo em períodos ruins. "Não investimos pensando se o setor crescerá. Acreditamos que nossas tecnologias vão crescer nos setores existentes", afirma.

    Para Edson Rigonatti, do fundo Astella, a maior qualificação é resultado da presença de empresários mais experientes, que já tiveram empreendimentos no passado.

    Outro avanço identificado por Rigonatti é o aumento do número de empresários que tiveram sucesso e, agora, começam a investir. Donos de três start-ups que foram investidas pelo fundo e que, mais tarde, foram vendidas para grandes empresas se tornaram cotistas da Astella, diz.

    Com a participação de ex-empreendedores no desenvolvimento de novos negócios, os iniciantes têm apoio de pessoas com maior conhecimento de causa, afirma.

    Rigonatti diz existir ao menos dez empresas que já têm faturamento anual superior a R$ 100 milhões e que podem se tornar "unicórnios" (no segmento, aquelas que valem mais de US$ 1 bilhão).

    Entre os exemplos citados, estão o Dr. Consulta (clínicas populares), o site enjoei (roupas usadas) e o Quinto Andar (aluguel de apartamentos).

    Por sua vez, Jardim aposta principalmente no crescimento das fintechs (tecnologias para o setor financeiro) e agritechs (agrícola).

    Para ele, start-ups desses segmentos podem atacar dois problemas da economia brasileira: a desbancarização e a baixa produtividade.

    MEDO DE BOLHA

    Porém a empolgação com o mercado é vista com reserva por outros investidores.

    Um executivo que pediu para não ser identificado diz ver muitos investidores e empreendedores sem visão de longo prazo, algo que é necessário, pois projetos do tipo podem levar mais de cinco anos para gerar lucro.

    O executivo atribui a empolgação excessiva à crise, que levou ao empreendedorismo muitos profissionais que perderam o emprego, e ao medo de deixar passar oportunidades trazidas pelas mudanças tecnológicas.

    Por outro lado, ele diz que o empreendedor brasileiro evoluiu ao criar serviços para as demandas locais, em vez de copiar o que vem de fora.

    A aproximação do universo das start-ups dos desafios brasileiros ajuda a explicar também outra tendência em alta, o investimento de grandes empresas em start-ups, em busca de parcerias.

    A Porto Seguro, com sua aceleradora Oxigênio, apostou em 24 start-ups em dois anos. Cerca de mil projetos foram inscritos em cada uma das quatro seleções que fez.

    Em parceria com as companhias apoiadas, a seguradora já realiza 14 projetos e discute a viabilidade de outros 60, diz Maurício Martinez, gerente da Oxigênio.

    Ele afirma que o investimento em start-ups permite à empresa descobrir oportunidades, se renovar e lançar novos produtos e serviços.

    Jardim, Rigonatti e Martinez participaram do Festival de Cultura Empreendedora, de 19 a 21 de outubro em São Paulo, promovido por publicações da Editora Globo.

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