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    Previdência

    Governo quer retomar negociações da Previdência após votação de denúncia

    ANGELA BOLDRINI
    DE BRASÍLIA

    24/10/2017 23h53

    O governo pretende retomar as negociações para a realização da reforma da Previdência ainda nesta semana, após o desfecho da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, que deve ser votada na Câmara nesta quarta (25).

    A afirmação é do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que compareceu nesta terça-feira (24) ao jantar oferecido pelo vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), a deputados governistas, ministros e ao próprio Temer.

    "Tem que se fazer a reforma ideal. A ideal não sendo possível, tem que se fazer a possível", afirmou Padilha na saída da residência na Asa Sul de Brasília.

    Segundo o ministro, fazer a reforma "não interessa ao governo", mas sim ao país. "Já temos [o governo] o ano de 2018 com relativa tranquilidade. O Brasil não pode entrar 2019 sem uma reforma", disse.

    Apesar disso, mesmo lideranças governistas afirmam que será difícil para o governo aprovar qualquer coisa de reforma que não a idade mínima. Parlamentares ouvidos pela Folha avaliam que o custo político e o impacto eleitoral a menos de um ano do pleito de 2018 já é muito alto, e que o governo deve ter dificuldade para angariar 308 votos para passar uma emenda à Constituição.

    A Câmara decidirá nesta quarta se dá prosseguimento ou não à denúncia que acusa o presidente de obstrução de Justiça e organização criminosa. É a segunda peça apresentada contra o peemedebista pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

    Padilha, que também é alvo da denúncia, afirmou que a expectativa do governo é de conseguir entre 260 e 270 votos para que o caso não vá adiante. Na primeira votação, Temer angariou o apoio de 263 deputados, contra 227 favoráveis.

    Tanto governistas como oposicionistas projetam uma vitória do peemedebista. Por isso, a oposição diz que tentará adiar a deliberação não dando quorum para a sessão.

    São necessários 342 deputados registrados em plenário para que a matéria possa ser votada, de acordo com o rito definido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    O JANTAR

    Conhecido na capital pelos jantares com comida mineira e muita bebida que oferece a parlamentares com regularidade, é a segunda vez que o deputado Fábio Ramalho oferece um rega-bofe às vésperas da votação da denúncia.

    Nesta terça, o presidente Michel Temer chegou à casa de Ramalho por volta das 22h45, duas horas depois do início do jantar, esperando conseguir uma quantidade considerável de parlamentares na residência antes de sair do Planalto.

    Veio acompanhado de Padilha. Outros ministros, como Torquato Jardim (Justiça) e Helder Barbalho (Integração Nacional), chegaram antes do presidente.

    Lá, Temer encontrou figuras como o deputados Wladimir Costa (SD-PA), que ganhou notoriedade na primeira votação por ter tatuado o nome do presidente no braço (com henna).

    Além dele, outros deputados do baixo clero e da tropa de choque do presidente, como Carlos Marun (PMDB-RS), e Hildo Rocha (PMDB-MA), participaram da festa cujo cardápio incluiu costelinha, feijão tropeiro, linguiça, torresmo, galinhada e leitoa à pururuca. Para beber, cachaça mineira, vinho e uísque.

    O oposicionista Zeca Dirceu (PT-PR) também entrou no hall do elevador que dá na casa do vice da Câmara, mas logo desfez a confusão: mora no mesmo prédio que Ramalho.

    Mesmo com a sessão de votação marcada para as 9h de quarta, até as 23h40 o jantar seguia com alto quorum de parlamentares.

    Mesmo com a sessão de votação marcada para as 9h de quarta, o jantar seguiu madrugada adentro. O presidente deixou o apartamento por volta da meia-noite.

    Segundo presentes, Temer discursou por cerca de dez minutos e fez referências veladas ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot, afirmando que a denúncia era fruto de uma conspiração contra si.

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