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    Anatel ameaça intervenção na Oi caso presidente da tele seja destituído

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    26/10/2017 12h50

    Silvia Zamboni/Folhapress
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    A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) se prepara para fazer a intervenção na Oi caso a demissão dos diretores executivos da companhia seja levada adiante na reunião do conselho de administração prevista para a sexta-feira (27).

    O recado foi transmitido pelo presidente da agência, Juarez Quadros, ao presidente do conselho da tele, José Mauro Carneiro da Cunha, horas depois de ter ouvido do presidente da Oi, Marco Schroeder, sobre as ameaças que a diretoria vem sofrendo de um grupo de investidores ligados ao empresário Nelson Tanure, um dos principais acionistas da tele que está em recuperação judicial com uma dívida de R$ 64,5 bilhões e pode ir à falência.

    Quadros tentou avisar a advogada-geral da União, a ministra Grace Mendonça, mas só possível encontrá-la no final da tarde desta quinta-feira (26). A pedido do presidente Michel Temer, a ministra lidera as negociações entre credores e acionistas para fechar um acordo que possa ser aprovado na Justiça do Rio, onde tramita o processo da tele.

    Da forma como está, o plano deve ser reprovado, especialmente se a Anatel não for retirada da lista de credores, o que já foi recusado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Se isso ocorrer, a Oi vai à falência.

    Em meio ao fogo cruzado, o empresário Nelson Tanure, que hoje lidera um grupo de acionistas que detêm juntos cerca de 30% da Oi, divulgou um comunicado. Nele afirma que respeita o presidente da companhia e que a possível destituição da diretoria executiva é resultado da "boataria espalhada por quem deseja tumultuar o ambiente".

    Pessoas que acompanham as conversas afirmam que o grupo de Tanure está descontente com a resistência de Schroeder, que já vetou a versão anterior do plano de recuperação. O executivo também impôs restrições ao novo plano, mas acabou enviando à Justiça porque não havia tempo hábil. A assembleia geral estava marcada para a segunda-feira (23).

    A maior pressão, no entanto, se refere a um acordo entre a companhia e o grupo de credores conhecido como G6. Eles deram prazo de 48 horas para que a companhia assine os termos do acordo que prevê retirada de cerca de R$ 2,5 bilhões do caixa da empresa para a entrada de dinheiro novo por esses sócios.

    Isso permitira, ainda segundo quem participou das conversas, que Tanure mantivesse sua atual participação societária e assentos no conselho de administração, órgão que comanda a empresa.

    A Oi está nessa situação porque acionistas e credores não se entendem. De um lado, os credores aceitam dar descontos nos valores a receber e até aceitam colocar dinheiro novo no negócio. Mas, para isso, exigem que os acionistas atuais tenham sua participação diluída a ponto de saírem do conselho.

    Para pôr fim ao impasse, o presidente Temer interferiu delegando à advogada da União a missão de preparar um novo acordo, que deverá ser finalizado na próxima semana. Por isso, a Justiça aceitou adiar a assembleia de credores para 6 de novembro.

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