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    Bolsa cai 1% com dúvidas sobre apoio de Temer; dólar sobe com exterior

    ANAÏS FERNANDES
    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    26/10/2017 19h11

    O sucesso do governo em barrar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados não aliviou as preocupações de investidores nesta quinta (26) e ainda gerou dúvidas sobre o apoio que o peemedebista tem no Congresso. A Bolsa brasileira reagiu a essa incerteza e recuou 1%, enquanto o dólar acompanhou o exterior e encostou em R$ 3,29 nesta sessão.

    O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas na Bolsa, fechou em queda de 1,01%, para 75.896 pontos. O volume negociado foi de R$ 8,46 bilhões, em linha com a média diária do ano, de R$ 8,47 bilhões.

    O dólar comercial subiu 1,20%, para R$ 3,286, no maior valor desde 6 de julho. Foi a quinta alta em seis sessões. O dólar à vista se valorizou 1,12%, para R$ 3,282.

    Os investidores repercutiram nesta quinta a vitória do governo na Câmara dos Deputados. Temer obteve 251 votos para impedir o andamento das investigações. Oposição e dissidentes da base governista somaram 233 votos. Houve ainda 25 ausências e duas abstenções.

    Seriam necessários 342 votos para que o Supremo Tribunal Federal fosse autorizado a analisar a acusação contra Temer e dois de seus ministros, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

    "Algum ajuste sempre sobra da rejeição que o Temer teve junto à oposição e também com sua base. Foram menos 12 votos. Não chega a enfraquecer o Temer, mas é algo que o mercado tem que avaliar e o impacto disso na votação das reformas", afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais.

    A expectativa agora é que o governo redobre os esforços para conseguir aprovar a reforma da Previdência ainda neste ano. "O [ministro Henrique] Meirelles [Fazenda] vai novamente tentar enfiar goela abaixo do Congresso a reforma da Previdência a qualquer custo", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

    Nesta quinta, Meirelles amenizou o tom e disse esperar que a reforma seja aprovada neste ano. No início da semana, o ministro havia estabelecido como prazo a segunda quinzena de novembro.

    AÇÕES

    Das 59 ações do Ibovespa, 44 caíram, 14 subiram e uma ficou estável.

    A maior queda foi registrada pelos papéis da Smiles, que recuaram 6,34%. As ações da JBS tiveram a segunda maior perda, com recuo de 4,12%. A J&F, dona da empresa, anunciou nesta sessão que concluiu a venda da fabricante de lácteos Vigor para a mexicana Lala por R$ 4,325 bilhões, valor inferior aos R$ 5,7 bilhões inicialmente anunciados.

    Os papéis da Cemig lideraram as altas (+2,79%). Os acionistas aprovaram em assembleia nesta quinta proposta para que a companhia faça um aumento de capital de até R$ 1 bilhão.

    As ações da Petrobras também subiram, em linha com a alta de mais de 1% dos preços do petróleo no exterior. O príncipe da coroa da Arábia Saudita disse nesta quinta que o país estava determinado a acabar com um excedente global de petróleo que tem pressionado os preços há mais de três anos.

    As ações preferenciais da estatal subiram 0,06%, para R$ 16,73. As ações ordinárias subiram 0,47%, para R$ 17,10. A empresa anunciou nesta quinta que vai aderir ao Nível 2 da Bolsa, em busca de maior governança.

    Os papéis da mineradora Vale caíram, após um balanço que, mesmo forte, foi considerado abaixo do esperado pelo mercado, e acompanhando a queda de 1,24% do minério de ferro no exterior.

    As ações ordinárias da mineradora caíram 2,62%, para R$ 32,67. As ações preferenciais tiveram queda de 2,57%, para R$ 30,36. A empresa teve lucro de R$ 7,1 bilhões no terceiro trimestre do ano, em linha com o esperado pelo mercado.

    No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 0,61%. Os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 0,91%. As ações ordinárias do banco tiveram queda de 1,41%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 1,24%.

    As units —conjunto de ações— do Santander Brasil fecharam com baixa de 3,60%. O banco viu seu lucro crescer 37,3% no terceiro trimestre, com aumento nas concessões de crédito.

    DÓLAR

    O dólar fechou em alta em relação ao real, em dia de fortalecimento da moeda americana. Das 31 principais divisas do mundo, 26 perderam força ante o dólar nesta sessão.

    A valorização do dólar reflete a expectativa em torno da reforma tributária nos Estados Unidos e também sobre o nome do novo presidente do banco central americano. A previsão é que o presidente Donald Trump faça os anúncios na próxima semana, antes de viajar para a Ásia.

    Os três nomes mais cotados são John Taylor, economista da Universidade de Stanford, Jerome Powell, diretor do Fed, e a atual presidente do BC americano, Janet Yellen.

    O CDS subiu 2,55%, para 177,2 pontos, no quarto dia de alta.

    No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram dia misto. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,254% para 7,245%. A taxa para janeiro de 2019 subiu de 7,240% para 7,390%.

    Folhainvest

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