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    Parada, Angra 3 dá prejuízo adicional de R$ 30 milhões por mês à Eletrobras

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    14/11/2017 13h49

    Divulgação
    Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    As obras de Angra 3 foram paralisadas quando estava com cerca de 60% de sua execução

    Com as obras paradas desde 2015, a usina nuclear de Angra 3 passou a dar em outubro, um prejuízo adicional de R$ 30 milhões à Eletrobras. O valor refere-se a parcelas de um financiamento tomado em 2010 com o BNDES para a construção do projeto, investigado pela Operação Lava Jato.

    As prestações são pagas pela Eletronuclear, estatal que gere o parque nuclear brasileiro, mas com o atraso nas obras, acabam virando responsabilidade da Eletrobras, disse nesta terça (14) o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr.

    "É um problema para a Eletrobras. Com apenas Angra 1 e 2, a Eletronuclear não gera recursos suficientes para pagar isso", afirmou o executivo. Até o fim do ano, a empresa terá que fazer um aporte de capital em sua subsidiária para cobrir o rombo das primeiras parcelas.

    As parcelas são referentes a um financiamento de R$ 6,1 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões já foram sacados. Não há hoje expectativa de conclusão das obras.

    Ferreira Jr diz que é necessário rever o modelo de financiamento do projeto, que contava com 8% de capital próprio e 92% de financiamento. Agora, diz ele, a parcela de dinheiro própria terá que subir para entre 30% e 40%.

    Assim, defendeu, é necessária a atração de outro investidor –as obras foram paralisadas quando estava com cerca de 60% de sua execução. O governo já conversou com russos, chineses e franceses, mas diz que o projeto só é viável com aumento na tarifa.

    O presidente da Eletrobras diz que uma tarifa viável giraria em torno dos R$ 400 por megawatt-hora, contra os cerca de R$ 240 por megawatt-hora hoje contratados. "Ainda é mais barata do que muito do que se paga hoje", argumentou ele, dizendo que a bandeira tarifária vem pagando térmicas com valores acima de R$ 600 por megawatt-hora.

    VENDA

    Em reunião marcada para o próximo dia 24, o conselho de administração da Eletrobras analisará o programa de venda de ativos da estatal, que prevê a transferência de 77 participações em empresas de geração e transmissão de energia, que têm valor contábil de R$ 4,6 bilhões.

    O programa faz parte do plano para reduzir o endividamento da companhia proposto pela gestão Wilson Ferreira Jr, que inclui ainda cortes no número de empregados, redução dos investimentos e reestruturação de participações em outras empresas.

    A empresa anunciou nesta segunda (13) lucro de R$ 550 milhões no terceiro trimestre de 2017, resultado considerado "muito bom" por seu presidente. O valor é 37% menor do que o verificado no mesmo período de 2016, mas o executivo diz que a queda foi provocada por fatores extraordinários.

    O plano de venda de ativos terá 60 participações em empresas de geração eólica, com capacidade instalada de 862 megawatts (MW) e 17 em linhas de transmissão, com extensão de 3.354 quilômetros. Em entrevista concedida nesta terça (14), o presidente da Eletrobras disse que a ideia é começar a vender os ativos ainda em 2017.

    "É um momento de grande interesse por eólicas e linhas de transmissão", afirmou. Ele não quis dizer qual a meta de arrecadação com o plano, limitando-se a citar o valor contábil dos ativos.

    Segundo o executivo, a companhia ficará ainda atenta a oportunidades para se desfazer de participações minoritárias em grandes hidrelétricas, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte. Nesses casos, porém, só sairá do negócio se os controladores decidirem vender suas fatias —já que a estatal tem direito de oferecer sua participação pelo mesmo preço obtido pelo controlador.

    No processo de reorganização de suas participações, a Eletrobras vai incorporar 15 empresas nas quais já é a única acionista e vai dissolver ou eliminar 38, que podem ser fundidas a outras empresas ou simplesmente extintas.

    DISTRIBUIDORAS

    Além desse processo, a companhia participa do processo de venda de seis distribuidoras de eletricidade das regiões Norte e Nordeste do país, cujas concessões desistiu de manter em 2015. Segundo a proposta apresentada pelo governo, a estatal terá de assumir R$ 11,2 bilhões em dívidas das empresas.

    "Seria inviável vender essas companhias com R$ 11,2 bilhões em dívidas", defendeu Ferreira. No terceiro trimestre, as empresas tiveram prejuízo de R$ 1,136 bilhão, menor do que os R$ 1,416 bilhão do mesmo período do ano anterior.

    "É uma melhora, mas ainda é muito dinheiro perdido", comentou o executivo, para quem conclusão do processo "vira a página" de negócios que vêm dando prejuízo à Eletrobras durante anos. Em 2016, por exemplo, foram R$ 6,5 bilhões.

    O governo estipulou o valor simbólico de R$ 50 mil para cada uma delas, mas quer obrigar os novos investidores a aportar imediatamente R$ 2,4 bilhões em capital, além de investimentos de R$ 5,8 bilhões nos próximos cinco anos.

    O governo prevê levar ao Congresso ainda este ano o processo de privatização da própria Eletrobras, que vai resultar na diluição da fatia da União por meio de uma oferta de ações a investidores privados.

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