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    Lava Jato

    Andrade e Camargo voltam a negociar leniência com CGU

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    16/11/2017 02h00

    Depois de ameaçar a Andrade Gutierrez com uma multa de R$ 40 bilhões, o que provocaria a falência da empresa, órgãos do governo retomaram as negociações com representantes da companhia para fechar um acordo de leniência e desistiram de cobrar um valor que inviabilize o futuro dos negócios.

    A leniência é uma espécie de delação de empresas. Sem ela, quem for pego em práticas corruptas não pode fazer negócios com o governo.

    Não há estimativa de valor da multa, mas já foi acordado que não pode ser nada parecido com R$ 40 bilhões.

    A Andrade Gutierrez não era a única companhia que sofrera ameaça de órgãos do governo do presidente Michel Temer com multas que levariam o negócio à bancarrota: a Camargo Corrêa também recebeu uma estimativa de que teria que pagar pouco mais de R$ 10 bilhões.

    Nos acordos que fecharam com o Ministério Público Federal em 2016, Andrade e Camargo acertaram o pagamento de R$ 1 bilhão e R$ 700 milhões, respectivamente. A lei, no entanto, exige que as empresas fechem acordos com a CGU (Controladoria-Geral da União) e AGU (Advocacia-Geral da União). É essa lacuna que as duas empresas tentam preencher agora.

    A informação de que o governo queria cobrar R$ 40 bilhões da Andrade Gutierrez foi revelada pelo "O Globo".

    FORA DO PADRÃO

    Os valores pedidos pelo governo eram fora de qualquer padrão, segundo advogados consultados pela Folha. Os R$ 40 bilhões apresentados inicialmente à Andrade Gutierrez superam ao valor da multa que a Odebrecht pagará no Brasil e outros 12 países –em muitos deles a negociação não foi concluída. A pena imposta à Odebrecht é considerada a maior multa já aplicada no mundo a uma empresa envolvida em casos de corrupção.

    Os valores tidos como exorbitantes eram considerados uma retaliação de setores do governo contra empresas que citaram integrantes do PMDB em seus acordos de delação.

    A Andrade Gutierrez relatou que negociou propina e favores com ministros do núcleo-duro de Temer. Otávio Azevedo, ex-presidente do grupo Andrade, disse em delação que Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil governo, era o encarregado das finanças de Temer. O executivo relatou ainda que Padilha pediu que a Oi, do grupo AG, contratasse o call center que ele tem em Porto Alegre.

    Azevedo também falou que Moreira Franco, ministro da secretaria-geral da Presidência e que cuidava de aviação na gestão Dilma Rousseff, defendeu interesses da empresa no governo do PT. Tanto Padilha quanto Moreira Franco refutaram as acusações.

    A retomada das negociações aconteceu porque o Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União concordou com o argumento de que o cálculo da multa não fazia sentido.

    OUTRO LADO

    O Ministério da Transparência diz que não se manifesta sobre acordos e nomes de empresas com as quais negocia. A Andrade afirma que não pode fazer comentários porque assinou um acordo de confidencialidade com órgãos do governo.

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