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    Bayer defende fusão com Monsanto no Brasil

    CAROLINA LINHARES
    ENVIADA ESPECIAL A BRUXELAS (BÉLGICA)

    16/11/2017 02h00

    Brendan McDermid/Reuters
    Presidente da Monsanto pode receber mais de US$ 70 milhões em operação com a Bayer
    Haverá concorrência após fusão com a Monsanto, diz presidente da Bayer

    A entrada de empresas de tecnologia no setor agrícola vai garantir concorrência apesar da fusão entre Bayer e Monsanto, afirma Liam Condon, membro do Conselho de Administração e presidente da divisão agrícola da empresa alemã.

    Em entrevista à Folha, o executivo defende que a união entre as gigantes agrícolas –a Bayer, que atua no setor de insumos agrícolas, como pesticidas, e a Monsanto, empresa americana de sementes– não vai gerar redução da competição. A compra foi anunciada em 2016 por US$ 66 bilhões.

    O executivo diz que a entrada na agricultura de empresas de tecnologia, como Google, Bosch e start-ups, é subestimada.

    "Há uma nova competição surgindo que as pessoas ainda não percebem muito, mas nós sim. Não temo que haja falta de concorrência, minha preocupação é que a Bayer ainda esteja por aqui daqui a dez anos."

    A fusão está prevista para o início de 2018. "Há um pouco de sobreposição na área de sementes, e autoridades regulatórias dirão o que teremos que alienar e, uma vez que eliminemos isso, não vemos redução de concorrência", diz Condon.

    Em outubro, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendou que a fusão fosse impugnada pelo tribunal do órgão, que tem até março para decidir.

    A nova empresa poderá dominar mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas. Segundo o Cade, a fusão "pode determinar as condições de acesso à biotecnologia e do risco de adoção de práticas comerciais que dificultem o desenvolvimento de concorrentes".

    Para Condon, mesmo após a fusão, a tecnologia será acessível para pequenos produtores. "Tudo o que fazemos é baseado em gerar mais inovação que nossos competidores para que os agricultores tenham incentivo para usar nossos produtos", diz.

    Em 2016, a divisão agrícola da Bayer investiu € 1,2 bilhão (11,7% das vendas globais) em pesquisa e desenvolvimento.

    Ele afirmou ainda que a marca Monsanto é uma preocupação, pois carrega uma imagem negativa entre os consumidores, e que a fusão terá que contornar isso.

    BRASIL E EUA

    Condon também avaliou a situação do Brasil, que, ao lado dos Estados Unidos, forma os dois maiores mercados estratégicos da Bayer.

    O executivo afirmou haver "uma crescente desconexão entre a instabilidade política e a economia" –enquanto a crise política perdura no Brasil, a economia "parece ir razoavelmente bem".

    Condon diz que o mercado brasileiro tem sido volátil, inclusive pelo clima tropical, mas há razões para acreditar no crescimento e investir a longo prazo.

    "O que percebemos nesses tempos é que a recessão está sendo bastante dura para a economia no geral, mas a agricultura ainda tem uma performance razoavelmente boa", afirma o executivo.

    Ainda assim, o fraco desempenho no país fez com que a Bayer revisse a expectativa de faturamento da divisão agrícola para menos de € 10 bilhões em 2017 –queda de 5% ante a previsão anterior.

    A seca e a diminuição da pressão de pragas levaram a uma queda na demanda por pesticidas e fungicidas.

    A repórter viajou a convite da Bayer

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