A Time Inc., controladora das revistas "Time" e "People", está negociando sua venda para a Meredith Corp., em uma transação que contaria com apoio financeiro dos irmãos Charles e David Koch, bilionários conhecidos por seu apoio a causas conservadoras.

Negociações anteriores alguns meses atrás entre a Time e a Meredith, que publica as revistas "Family Circle" e "Better Homes and Gardens", foram infrutíferas. A nova rodada de negociações, que surgiu com a inesperada entrada dos Koch no processo, pode conduzir a um acordo rápido de venda, de acordo com pessoas informadas sobre as conversas.

Os Koch fecharam um acordo provisório para apoiar a oferta da Meredith com uma injeção de capital de mais de US$ 500 milhões, disseram as fontes. Um porta-voz da Koch Industries, a companhia dos irmãos Koch, não quis comentar o assunto na quarta-feira (15). A Time também se recusou a comentar. A Meredith não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

As empresas vêm negociando há alguns dias, e a Meredith está estudando as informações financeiras mais recentes sobre a Time.

Ainda que não esteja claro que o acordo proposto venha a ser concretizado, os dois lados esperam chegar a uma conclusão rapidamente, o que permitiria que a transação fosse anunciada logo depois do feriado norte-americano do Dia de Ação de Graças, em 23 de novembro.

Essa é a terceira tentativa conhecida da Meredith de tomar o controle da Time. Em 2013, as duas empresas não conseguiram chegar a um acordo sobre quais revistas a Meredith adquiriria. Na época, a Meredith aparentemente não desejava comprar quatro dos títulos mais conhecidos do grupo Time: "Time", "Fortune", "Money" e "Sports Illustrated".

Alguns meses atrás, a Meredith parecia uma das partes interessadas em adquirir a Time, mas as discussões foram encerradas quando a companhia anunciou que não estava interessada em se colocar à venda.

Um obstáculo que bloqueou as negociações anteriores neste ano foi a incapacidade da Meredith para obter financiamento bancário suficiente. Com a adesão dos Koch, dotados de recursos amplos e claramente interessados em ganhar influência no ramo da mídia, esse problema poderia desaparecer.

Não está claro que influência os Koch teriam sobre a Time —ou se teriam algum—, em caso de aquisição pela Meredith.

As negociações acontecem em um momento desafiador para as editoras de revistas, que tentam se reconstruir como entidades multimídia. A Time mudou de foco recentemente, reduzindo a prioridade de suas revistas a fim de atrair uma audiência digital mais ampla e buscar novas oportunidades de crescimento de sua receita.

IRMÃOS KOCH

As negociações em curso entre a Meredith e a Time mostram a disposição dos irmãos Koch de tentar mais uma vez se estabelecer na mídia, depois de uma tentativa de aquisição da Tribune Co. em 2013.

Fundada em 1922 por Henry Luce, a Time foi durante muito tempo a mais influente e respeitada companhia do setor de revistas dos Estados Unidos, com escritórios diante do Rockefeller Center e do Radio City Music Hall, em Nova York. Com as revistas "Time" e "Life", ela registrava os altos e baixos da vida do país, por meio de fotografias de excelente qualidade e atualizações semanais sobre notícias, esportes e cultura.

A Koch Industries opera refinarias de petróleo em diversos Estados norte-americanos e tem participação em vários outros negócios. De acordo com a revista "Forbes", ela é a segunda maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos, atrás apenas da Cargill, com faturamento anual de mais de US$ 100 bilhões.

Charles e David Koch fizeram doações generosas a diversas organizações cívicas e das artes, entre as quais o Lincoln Center, o Museu Americano de História Natural e o Museu Metropolitano de Arte de Nova York.

Os irmão são patrocinadores conhecidos de causas e candidatos conservadores. Em 1979, David Koch entrou como vice-presidente para a chapa do candidato à eleição presidencial de 1980 Ed Clark.

Os Koch continuam a influenciar a política por meio de uma organização conservadora fundada em 2004, a Americans for Prosperity. Na campanha eleitoral de 2016, a entidade gastou mais de US$ 720 milhões em propaganda política em benefício de causas e candidatos conservadores.

O vice-presidente Mike Pence foi o principal palestrante em um evento da Americans for Prosperity em Richmond, Virgínia, em agosto. O jornal "New York Times" reportou, durante o evento, que os irmãos Koch, antes céticos quanto ao presidente Donald Trump, estavam mais próximos dele, motivados em parte pelos planos do governo para reformar o código tributário.

Tradução de PAULO MIGLIACCI