• Mercado

    Tuesday, 30-Apr-2024 07:19:43 -03

    Diferença salarial entre homens e mulheres é maior em São Paulo

    LAÍS ALEGRETTI
    DE BRASÍLIA

    25/11/2017 17h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 14-11-2017, 12h00: Letícia Garcia, servidora da Anatel, personagem de matéria sobre disparidade entre salários de homens e mulheres no mercado de trabalho. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***ESPECIAL*** ***EXCLUSIVA***
    Letícia Garcia, engenheira da Anatel, diz que sempre foi minoria em setor privado

    São Paulo é o Estado que apresentou a maior diferença no levantamento que compara os ganhos entre gêneros: as mulheres receberam, em média, salário equivalente a pouco mais de 80% da remuneração masculina.

    Próximo a esse patamar também estão Rio de Janeiro, Santa Catarina e Espírito Santo.

    MAIS DESIGUAIS - Médias salariais em R$ milhares

    Na avaliação do coordenador-geral de estatísticas do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, uma razão para a disparidade estaria no perfil do mercado de trabalho e em como é ocupado.

    Segundo ele, mulheres estão mais presentes nos setores de comércio e serviço; homens, na construção civil e na indústria de transformação.

    "São Paulo tem a economia mais dinâmica e moderna do país. Nesse caso, tem peso grande da indústria de transformação, que, em geral, tem salário maior que o comércio", afirma Magalhães.

    MAIS DESIGUAIS - Salário da mulher em relação ao do homem, em %

    Estados do Nordeste e do Norte estão no extremo oposto: têm as menores diferenças. Destacam-se Pará, onde as mulheres ganham o equivalente a 98,2% do salário dos homens, e Alagoas, onde a relação é de 96,9%.

    Nesse caso, a equidade é explicada pelo fato de o levantamento considerar o emprego formal, que nessas regiões tem importante participação do setor público, em que cargos e salários são definidos em concurso.

    MENOS DESIGUAIS - Médias salariais em R$ milhares

    SUPERAÇÃO

    No setor privado do Nordeste, o mercado pode ser duro com as mulheres, diz Maria do Amparo Xavier Santos, 62, que atua nas obras do metrô de Salvador, na Bahia.

    Ela começou a trabalhar na construção civil na adolescência, aos 14 anos. Foi servente, carpinteira, eletricista, armadora. Aos 34, tornou-se a primeira mulher mestre de obras na Bahia, chegando a comandar equipes com mais de 200 operários.

    MENOS DESIGUAIS - Salário da mulher em relação ao do homem, em %

    "Foi muito difícil. Quando procurava trabalho, diziam que vaga para mulher era só para lavar o banheiro da obra", afirma.

    Para crescer na profissão, concluiu os estudos e faz cursos técnicos. Mesmo assim, diz que ganhava menos que os colegas homens e chegou a ser discriminada por um dos chefes. Buscou reparação na Justiça e venceu o processo por assédio moral.

    Nos últimos anos, dedica-se a inserir mulheres na área da construção. Foram mais de 1.500. Mas não viu nenhuma outra ascender ao mesmo cargo. "Fui a primeira e sou a única", diz ela.

    Colaborou JOÃO PEDRO PITOMBO

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024