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    Eleição de 2018 deixa cenário nebuloso para investidor

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    27/11/2017 02h00

    O mercado financeiro vai flutuar em 2018 ao sabor dos nomes que despontarem da corrida presidencial, e a Bolsa, o dólar e os juros devem sofrer forte variação caso um candidato considerado populista desponte para a vitória e ameace a política econômica adotada por Michel Temer.

    A aposta do mercado é na continuidade da agenda reformista do atual governo, com redução do papel do Estado na economia. Nomes que fugirem desse roteiro podem provocar turbulências –como a sempre lembrada eleição de Lula, em 2002, quando o dólar chegou a subir 70% no ano e encostou nos R$ 4.

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    A lista de possíveis candidatos vistos com esse perfil é extensa: o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) e o apresentador Luciano Huck estão nela. Até mesmo o deputado Jair Bolsonaro (PSC) entra na relação, mesmo que sua veia liberalizante seja recente e encarada com desconfiança.

    Do outro lado do espectro estão figuras como a ex-senadora Marina Silva (Rede), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o principal nome a provocar aversão no mercado: Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    "O risco é de ter um resultado de eleição que não seja um candidato reformista e fiscalmente responsável", afirma José Tovar, presidente da gestora Truxt Investimentos.

    A concretização desse temor deve se refletir em queda da Bolsa, dólar valorizado e, em última instância, juros mais elevados (veja ao lado).

    "A coisa está muito flá-flu, e isso é ruim sob todos os aspectos. Esse radicalismo não vai nos levar a bom termo", afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da corretora Órama.

    OLHO NA BOLSA

    Em um cenário menos turbulento, a Bolsa, que bateu recorde neste ano, seria uma aposta mais segura de valorização: a aposta de analistas é que o PIB vai crescer 2,5% em 2018, o que deve se traduzir em resultados melhores para as empresas e em valorização das ações.

    Rafael Cardoso, economista do banco Daycoval, diz que a redução de endividamento das empresas ajuda essa aposta. "Isso cria um piso para a Bolsa. Mesmo num cenário de risco não voltaria a patamares de 60 mil pontos."

    A Bolsa paulista hoje está na casa dos 74 mil pontos.

    Para Tatiane Cruz, gestora de recursos da Coinvalores, há espaço para a Bolsa subir até os 91 mil pontos "O problema são as incertezas eleitorais, que podem deixar juros e câmbio voláteis. Se não for eleito um candidato pró-reforma, toda a projeção de alta da Bolsa e de dólar a R$ 3,50 se reverte", diz.

    Outros veem um avanço mais modesto da Bolsa. Para Mario Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Corretora, a Bolsa deve passar longe do desempenho de 2016, quando avançou 39%. "Vejo menos espaço para valorização e mais volatilidade no meio do caminho", diz.

    CAMINHO SUAVE

    Se no cenário local a expectativa é de fortes turbulências, o exterior parece guardar menos surpresas. A aposta é que o estrangeiro não vai entrar tão forte no país.

    "Neste ano, o estrangeiro teve um peso forte na retomada da Bolsa, mas no ano que vem a entrada pode ser mais comedida, até mesmo pelo plano tributário dos EUA", diz Mariante, da Planner.

    O banco central americano, que será comandado por Jerome Powell a partir de fevereiro, deve continuar a elevar gradativamente os juros.

    Somado a esse cenário, a partir de janeiro o Banco Central Europeu reduzirá pela metade a compra mensal de ativos. O efeito prático é o enxugamento de parte do dinheiro que era alocado em emergentes como o Brasil em busca de retorno maior.

    Em relatório, o banco suíço UBS aponta como riscos a crise de dívida da China e a possibilidade de conflitos geopolíticos no Oriente Médio e entre Coreia do Norte e EUA.

    ARTE ESPECIAL PREVIDÊNCIA
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