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    Justiça mantém multa de R$ 458 mil a mercado por constranger criança

    NATÁLIA PORTINARI
    DE SÃO PAULO

    29/11/2017 12h05

    Rubens Cavallari/Folhapress
    Fachada de uma loja do Extra em São Paulo
    Fachada de uma loja do Extra em São Paulo

    O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve uma multa de R$ 458 mil ao Extra, aplicada pelo Procon-SP, por constranger uma criança de 10 anos.

    O caso aconteceu em 2011, no Hipermercado Extra da Marginal Tietê. Segundo noticiado na época, o menino, que é negro, tinha comprado salgadinhos, biscoito e refrigerante, o que foi registrado em nota fiscal.

    Quando saía do mercado, foi abordado por um segurança e levado para um sala com outros três vigilantes, que suspeitaram que ele tivesse furtado produtos da loja, segundo seu depoimento.

    Ele disse que foi obrigado a abaixar a bermuda e tirar a camiseta várias vezes. Afirmou ainda que tentou mostrar a nota fiscal aos seguranças. O pai do menino diz que chamaram seu filho de "negrinho sujo, negrinho fedido".

    A criança contou ainda que um dos seguranças tinha um papelão enrolado, usado como bastão, que o segurança dizia que "é bom para bater", e que o ameaçaram com um canivete.

    PUNIÇÃO

    Procurado, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), que controla o Extra, afirmou que não iria se pronunciar porque o caso está em juízo.

    Em 2011, a família da criança firmou um acordo extrajudicial com o Extra. Na ocasião, a empresa afirmava que as alegações eram falsas, mas pagou R$ 260 mil para resolver o assunto sem que a família entrasse com queixa pelo crime de injúria racial.

    A multa aplicada pelo Procon-SP é uma punição por prática abusiva contra o consumidor, e é devida ao Estado. O Extra recorreu à Justiça para não pagar a multa.

    Na ação, a empresa diz que a criança estava no supermercado com outros dois adolescentes e que os três tentaram furtar o mercado, mas desistiram quando foram vistos por um funcionário.

    "Os menores em momento algum foram levados para qualquer sala, nem tampouco foram ameaçados ou constrangidos", diz documento assinado pelas advogadas do GPA.

    Em abril deste ano, o juiz Alberto Alonso Muñoz decidiu que essa defesa não se sustenta, já que foi apurado que eles "teriam sido encaminhados para uma sala onde sofreram agressões verbais e físicas, muitas delas com teor racista".

    O Extra voltou a recorrer e, em 22 de novembro, um acórdão (decisão coletiva de desembargadores) confirmou que a multa é devida.

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