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    Previdência

    Dúvida sobre aprovação da reforma da Previdência volta a afetar mercado

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    01/12/2017 02h00

    A ficha do mercado caiu. Depois de meses de otimismo com a articulação do governo para tentar aprovar a reforma da Previdência, os últimos dois dias marcaram uma reversão desse ânimo e Bolsa, dólar e juros futuros passaram a precificar a chance de as mudanças ficarem para o próximo governo.

    A Bolsa caiu 1% nesta quinta (30), depois de recuar 2% na quarta (29). Com isso, fechou novembro no vermelho, com desvalorização de 3,15%, após sequência de cinco altas mensais.

    No mercado cambial, o dólar comercial subiu 0,95%, para R$ 3,27. E os contratos de juros futuros mais longos, com vencimento a partir de 2020, tiveram aumento nas taxas –janeiro de 2029 voltou à casa dos 11%.

    A piora do humor ocorreu após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer que o governo não tem votos para passar a reforma. A ideia inicial era votar a proposta na quarta (6), mas agora já se trabalha com a data de 13 de dezembro, perto das férias parlamentares.

    Foi o segundo balde de água fria em dois dias. Na quarta, o PSDB começou a desembarcar do governo e indicou que não puniria os deputados do partido que votassem contra a reforma. Os tucanos também começaram a fazer novas exigências para aprovar as mudanças.

    "Caiu a ficha no mercado de que não vai ser feita reforma. Se [os deputados] não votarem neste ano, dificilmente vão votar no ano que vem. Isso está sendo incorporado ao preço dos ativos", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

    "Mesmo que passasse, ia ser uma reforma muito tímida. Ia jogar no colo do próximo presidente pressões muito fortes", afirma.

    Para Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos, a definição da data pode ter sido um "tiro no pé" do governo. "Fica difícil de votar na semana que vem quando o governo não tem base sólida para reunir os votos necessários", avalia.

    A frustração dos investidores deve continuar até haver uma definição mais clara da viabilidade da aprovação da proposta do governo, avalia Mário Roberto Mariante, analista-chefe da Planner. "Começamos o mês falando em reforma, todos os dias o assunto era recorrente, e no dia 30 não aconteceu nada. Se não acontecer nada na semana que vem, em 2018 é que não se vota mesmo", diz.

    LEVANTAMENTO

    Como mostrou um levantamento feito pela Folha, o governo não tem votos para aprovar a reforma da Previdência na Câmara. Dos 512 deputados que votarão a proposta, 210 declararam ao jornal se opor à reforma.

    O texto deve ir à votação na Câmara em primeiro turno na próxima quarta-feira (6). Veja aqui a intenção de voto de cada um dos deputados.

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