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    Investimentos reagem após quatro anos em queda; indústria tem melhora

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO
    MARIANA CARNEIRO
    DA ENVIADA AO RIO

    01/12/2017 09h16 - Atualizado às 11h11

    O investimento na economia brasileira voltou a crescer, após quatro anos de quedas consecutivas. Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (1º) mostram que os investimentos tiveram alta de 1,6% no terceiro trimestre deste ano frente ao verificado no trimestre imediatamente anterior.

    O PIB brasileiro cresceu 0,1%, praticamente estável em relação ao segundo trimestre.

    É a primeira alta após 15 trimestres seguidos de declínio. A última alta no indicador, considerado um importante termômetro da atividade econômica, havia sido no terceiro trimestre de 2013.

    A série histórica do PIB, desde 2015, sofreu revisões pelo IBGE, com a incorporação de dados mais firmes e consolidação das contas nacionais de dois anos atrás.

    O resultado do terceiro trimestre deste ano reverteu estabilidade do trimestre imediatamente anterior, encerrado em junho. Antes da revisão, o investimento ainda marcava queda no período.

    Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o investimento teve queda de 0,5%.

    Segmentos específicos que compõe o investimento apontaram melhora no segundo trimestre, segundo o IBGE. Máquinas e equipamentos tiveram alta na produção local. No caso dos automóveis, o aumento de produção serviu para atender a demanda interna do país, assim como as exportações para a América Latina.

    Houve ainda aumento nas importações de bens e serviços, de 6,6% no período. Parte significativa desta alta, segundo o IBGE, veio da importação de bens de capital, que são máquinas para a indústria, o que revelaria interesse do empresariado para investimentos em produção.

    O investimento demorou a decolar em razão da alta ociosidade na indústria e elevados estoques nas fábricas em razão da crise, do desemprego e da redução do consumo das famílias. Com vendas ruins, as empresas perdem o apetite para investir em aumento de produção ou novas linhas de produtos.

    Apesar das recentes quedas da taxa básica de juros, o que barateia o crédito e em última instância pode tornar investimentos mais atrativos, ainda paira sobre a economia a nuvem da crise política e das incertezas com relação à capacidade do governo de Michel Temer em aprovar reformas no Congresso e reduzir gastos da máquina pública. O mais recente episódio da crise política é a dificuldade em implantar e votar mudanças previstas na reforma da Previdência.

    O resultado do PIB mostra maior espalhamento da melhora econômica entre os diversos setores. A construção civil, no entanto, continua no limbo. O segmento, que é o principal componente da conta de investimento, ficou estável em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com igual período do ano passado, a queda é de 4,7%.

    As perdas remontam o início da crise e também a Operação Lava Jato, que colocou sob suspeita a atuação das principais construtoras e empreiteiras no país. Grandes obras públicas que eram tocadas, como o Comperj, refinaria da Petrobras no Rio, estão em compasso de espera.

    Outro ponto é o esforço para redução das despesas do governo, que atinge o investimento público. O governo federal já anunciou congelamento de repasses do PAC e redução das despesas com o programa Minha Casa, Minha Vida. O mercado aguarda ainda os programas de concessões de infraestrutura do governo, que ainda não deslancharam.

    INDÚSTRIA

    A indústria, que também é considerada termômetro da economia e parte importante no cálculo do PIB, tem dado sinais de recuperação ao longo deste ano.

    O setor teve alta de 0,8% no terceiro trimestre frente ao segundo trimestre deste ano. Na comparação anual, a queda foi de 0,4%.

    O setor extrativo tem ido bem, a reboque da melhora dos preços das commodities após um 2016 de cotações em queda. O setor, que reúne as indústrias do petróleo e mineração, cresceu 0,2% no terceiro trimestre.

    SETOR EXTERNO

    Responsável por contribuir com a melhora do PIB nos dois primeiros trimestres deste ano, o setor externo contribuiu negativamente para o resultado no terceiro trimestre.

    As importações subiram 6,6% no período, enquanto as exportações tiveram alta de 4,1%, na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

    Segundo Palis, do IBGE, o avanço mais significativo das importações tem relação com o aumento da importação de máquinas e equipamentos, que apareceu no resultado positivo dos investimentos.

    As exportações de bens e produtos brasileiros beneficiam mais o PIB do que a compra de produtos importados pelo Brasil.

    Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, porém, a contribuição do setor externo é positiva em 1,9% (variação das exportações de 7,6% contra alta de 5,7% das importações).

    No campo das exportações, o Brasil enviou automóveis e alimentos ao exterior. No campo da importação, o país comprou mais máquinas e equipamentos de fora.

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