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    Empresas voltam a investir em máquinas para modernizar produção e cortar custos

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO
    MARIANA CARNEIRO
    DE ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    02/12/2017 02h00

    Após quatro anos de retração, o investimento saiu do vermelho no terceiro trimestre deste ano e cresceu 1,6%. Segundo o IBGE, foi o primeiro resultado positivo desde o terceiro trimestre de 2013 –antes mesmo de o país mergulhar na recessão, em 2014.

    Um ambiente de maior confiança entre empresários, além da queda da taxa de juros, encorajou o investimento em máquinas e equipamentos, dizem economistas.

    O objetivo, porém, não foi aumentar a capacidade, mas investir para manter mercado, com máquinas que ajudem a cortar custos e oferecer produtos competitivos.

    "O investimento em grande parte aparece para cobrir a depreciação do estoque de capital, e não para ampliar a capacidade", afirma Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e sócio AC Pastore & Associados.

    PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %

    Uma das principais evidências disso é que a utilização da capacidade nas fábricas ainda está baixa, ao redor de 74%, segundo dados da Fundação Getulio Vargas.

    Mesmo assim, observa Silvia Matos, coordenadora do boletim macro da FGV, após tanto tempo de retração, era de esperar uma reação.

    "Foi muito tempo de recessão. Chega uma hora em que as empresas têm que investir para se modernizar, reduzir custos", diz. Segundo ela, a absorção de máquinas e equipamentos –produção mais importação, descontadas as exportações– aumentou quase 10% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. A economista arrisca dizer que é o setor industrial o principal investidor neste momento.

    "Em nossas análises, percebemos que é um maquinário bastante difundido, relacionado ao transporte e à indústria", afirma.

    PIB por setores

    Segundo relatório da secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, o aumento da importação de bens de capital e de bens intermediários "indicam a retomada gradual do crescimento sustentado do setor industrial".

    Os setores de alimentos, papel e celulose e indústria automotiva têm puxado os investimentos, diz o economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) Rafael Cagnin.

    "É difícil dizer quais são os setores investindo neste momento, a despeito da melhora no PIB. Vemos aportes muito pontuais, focados principalmente em proteção de posição competitiva do que de avanço na produção", diz ele.

    A construção civil, responsável por mais da metade do cálculo do investimento no PIB, segue em crise. Ficou estável em relação ao trimestre imediatamente anterior e tem queda de 4,7% em relação a igual período de 2016.

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