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    Previdência

    Sem votos, Temer adia definição de data para votação de reforma

    GUSTAVO URIBE
    MARIANA CARNEIRO
    DE BRASÍLIA

    06/12/2017 22h56

    A expectativa do presidente Michel Temer de conseguir nesta quarta-feira (6) um piso de pelo menos 290 votos e, assim, definir uma data para a votação da reforma previdenciária acabou frustrada.

    Sem reunir apoio necessário, o peemedebista decidiu aguardar os próximos dias para avaliar se será possível votar na próxima semana as mudanças nas regras de aposentadoria.

    Em reunião com deputados e ministros no Palácio do Alvorada, o presidente concluiu que é necessário mais tempo e disse que fará uma recontagem de votos nesta quinta-feira (7).

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    Pelos cálculos, o Palácio do Planalto conta com cerca de 260 votos, número abaixo dos 308 necessários para aprová-la.

    Para tentar aumentar o atual placar, Temer promoverá nova rodada de reuniões e abrirá o gabinete presidencial para deputados indecisos e resistentes, mas a expectativa é pessimista mesmo dentro da equipe presidencial.

    No encontro, o presidente adotou um discurso duro. Segundo relatos de presentes, ele disse que os deputados governistas que não votarem a proposta serão cobrados na disputa eleitoral por manterem privilégios para os servidores públicos.

    Mesmo com o tom incisivo do peemedebista, os presidentes nacional do DEM, Agripino Maia, e do PP, Ciro Nogueira, colocaram em dúvida a possibilidade de se votar ainda neste ano.

    Apesar do apelo do presidente, os líderes governistas não levaram para a reunião um placar de votos favoráveis em suas respectivas bancadas e ficaram de entregar o balança nesta quinta-feira (7).

    Com a indefinição, o vice-líder do governo Beto Mansur (PRB-SP) admitiu que a votação pode ficar apenas para a terceira semana do mês, dias antes do início do recesso parlamentar, previsto para 23.

    "Nós temos ainda quinze dias corridos para votar a reforma previdenciária, de 07 a 21 de dezembro. No período, vamos trabalhar para buscar votos", disse.

    Na tentativa de criar uma onda otimista, o presidente adotou o discurso de que pode reduzir o piso de apoios necessários para colocar a reforma em votação na próxima semana.

    Em vez dos 330 votos fixados antes, admite agora fazer isso com apenas 290. Mansur já reconhece que o governo terá que trabalhar até o último minuto para conquistar votos.

    "Vamos trabalhar como trabalhamos em outras propostas, como o impeachment. Trabalhamos virando votos até o dia da votação."

    A ideia do Planalto, contudo, foi rejeitada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), responsável por agendar a votação. "Se não tiver voto, melhor não votar", disse. "Não vou votar com expectativa de derrota."

    Os partidos da base aliada evitaram durante todo o dia fazer promessas ao presidente de fechamento de questão, que é quando a bancada precisa votar unida, com possível punição para quem descumprir a ordem. Só o PMDB e o PTB tomaram a decisão.

    Integrantes do governo se irritaram com a falta de disposição de alguns líderes em passar a contagem exata de votos de cada partido, como Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara dos Deputados.

    A bancada do PSD, partido do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, só tem 15 dos 38 deputados convencidos a votar pela proposta, de acordo com o ministro Gilberto Kassab (Comunicações). No PR, o líder da bancada, José Rocha (BA), calcula ter apenas 16 dos 37 deputados.

    A votação da proposta na Câmara ainda neste ano, como deseja o Planalto, é a primeira etapa. Se aprovada pelos deputados, em dois turnos, a reforma ainda precisa do aval do Senado.

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