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    Baladas de São Paulo criam alternativas para lucrar durante o dia

    CHICO FELITTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    11/12/2017 02h00

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Aula de dança na boate Beco 203, na rua Augusta; ideia de transformar a casa noturna em academia surgiu em 2014
    Aula de dança na boate Beco 203, na rua Augusta; ideia de transformar a casa noturna em academia surgiu em 2014

    Rua Augusta. Uma fila de pessoas se forma na frente de uma casa noturna. O host tatuado cobra o dinheiro de quem quer entrar. A pista de dança já está com as luzes ligadas e o DJ comanda o som, no talo. Seria mais uma noite normal numa balada, não houvesse um palco com uma professora de dança na frente da pista, e não fossem 20h.

    Casas noturnas estão aproveitando sua estrutura, que geralmente fica ociosa nas horas úteis, para diversificar seus negócios. Oferecem aulas, promovem bazares ou vendem comida.

    A cena descrita no início do texto acontece semanalmente no Beco 203, onde são oferecidas aulas de "twerking" (dança americana focada no requebrar do quadril que se popularizou na última década) e de "stiletto", dança sobre saltos de até 14 cm.

    A entrada da aula avulsa custa R$ 25, e o pacote com cinco sai por R$ 100.

    "Eu não gosto de malhar numa academia. Acho um ambiente hostil, a luz branca é violenta, as pessoas são vorazes", diz a empresária Mariana Eva Leis, 37, que trouxe a ideia das aulas em casa noturna para a rua Augusta.

    Em 2014, ela viu em Nova York uma oferta de cursos em baladas. "É uma ideia genial, aproveita um espaço que durante o dia é morto."

    Havia 30 mulheres para um único repórter da Folha na aula em que o jornal frequentou no Beco 203. "É bom porque você não tem que aguentar cara babaca vindo incomodar", afirma a estudante de direito Camile Zahn, 22, logo após terminar sua quinta aula de "twerking".

    "A ideia sempre foi criar um ambiente onde as mulheres pudessem se soltar e se sentir poderosas", diz Leis.

    Segundo Paula Howes, sócia do Beco 203, não foi necessário nenhum investimento além da própria estrutura da balada para as aulas.

    O retorno financeiro incentiva o lugar a pensar em novas atrações. Está nos planos da casa noturna começar a ministrar aulas de "beer yoga", modalidade em que uma sessão de ioga é feita enquanto se bebe cerveja.

    "Estamos sempre abertos a novos projetos", diz a dona do lugar, que também já recebeu bazares de roupas e vendas de discos de vinil.

    Alberto Rocha/Folhapress
    Bufê de almoço a quilo montado na boate Mary Dinning Club
    Bufê de almoço a quilo montado na boate Mary Dinning Club

    COMIDA A QUILO

    Há outras boates pela cidade que diversificam seus negócios para além das atividades noturnas. O Mary Dinning Club, nos Campos Elíseos, funciona como um restaurante a quilo durante o dia e à noite recebe shows de música eletrônica.

    Já o D-Edge, um dos principais clubes de música eletrônica da cidade, na Barra Funda, começou a sediar em 2017 aulas matutinas de ioga, cuja renda é revertida para instituições de caridade.

    "É muito demais você estar naquela pista de dança sem a culpa de que vai acordar tarde no dia seguinte e não conseguir fazer esporte", diz a arquiteta Ana Silvia, 37. "Até porque eu não tenho mais tanto ânimo pra ir pra balada de noite, né?"

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