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    Inflação do ano deve ficar abaixo da meta do Banco Central

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO
    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    09/12/2017 02h00

    Karime Xavier / Folhapress
    Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn: BC reduziu para 0,8% a expectativa para alta do PIB em 2017
    Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn

    Os preços medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em novembro subiram 0,28% e, influenciados pela deflação de alimentos, ficaram abaixo do esperado pelo mercado, divulgou o IBGE na sexta (8).

    A expectativa era de que, ajudado por alimentos, o IPCA ficasse abaixo da alta de 0,42% registrada em outubro, mas a intensidade da desaceleração surpreendeu. Em 12 meses, a elevação é de 2,8%.

    Vilões da inflação em 2016, os alimentos recuaram 0,38% em novembro, o sétimo mês consecutivo de queda.

    Diante desse quadro, passa a ser uma espécie de consenso entre economistas um cenário de inflação inferior a 3% em 2017 –o piso estipulado pelo Banco Central.

    ABAIXO DA META - Inflação fica em 0,28% em novembro e pode encerrar o ano abaixo do limite de tolerância do Banco Central

    Para tanto, basta que a variação de dezembro não exceda 0,48%, o que é considerado bastante provável. Antes mesmo do número de novembro ser conhecido, as projeções para o IPCA de dezembro já estavam abaixo disso (+0,42%) e a expectativa é que caiam ainda mais.

    O curioso é que, confirmada a variação de preços inferior a 3%, o Banco Central vai ter que se explicar.

    Hoje, a meta de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

    As regras preveem, no entanto, que o presidente da instituição escreva uma carta ao ministro da Fazenda sempre que a inflação ficar acima do teto ou abaixo do piso estabelecido.

    Desde que o regime de metas de inflação foi criado, em 1999, a inflação superou o teto quatro vezes. A última foi em 2015, quando subiu 10,67%. Abaixo do piso será a primeira vez.

    O mais próximo que se chegou disso foi em 2006, quando os preços subiram apenas 3,14%. Naquele ano, a meta também era de 4,5%, mas o intervalo de tolerância era maior: de dois pontos para cima ou para baixo.

    REVISÕES E A SELIC

    Diante da inflação menor do que o previsto em novembro, consultorias e bancos voltaram a revisar suas projeções para baixo. O Itaú Unibanco, o Bradesco e a consultoria Rosenberg agora esperam alta de 2,8% para a inflação em 2017 e o Votorantim, de 2,85%.

    Fábio Romão, economista da LCA Consultores, lembra que os alimentos costumam pesar com mais força no bolso do consumidor no fim do ano, roteiro que, dessa vez, não se confirmou.

    A previsão da LCA é de uma alta de 0,34% para alimentos em dezembro, o que deve levar o IPCA cheio a fechar 2017 em alta de 2,8%.

    Romão avalia ainda que essa trajetória mais benigna pode reforçar a intenção do Banco Central de levar a taxa Selic abaixo de 7% no primeiro trimestre do próximo ano.

    "Teremos um derradeiro corte da Selic em fevereiro, com a taxa indo a 6,75% ao ano". O juro básico da economia, afirma, deve seguir neste nível até o final de 2018.

    Após a divulgação do IPCA de novembro, a consultoria Tendências revisou o número de 2017 de 3% para 2,82%, diz o economista Márcio Milan. Além de alimentos, a tarifa de eletricidade deve ter deflação em dezembro, dada a redução da bandeira tarifária para vermelha patamar 1.

    Milan avalia, porém, que dados mais favoráveis de inflação não têm força para alterar decisões do BC, mais ligadas ao cenário de reformas. A previsão de um corte adicional de 0,25 ponto na Selic em fevereiro, diz ele, está ancorada na expectativa de aprovação da Previdência.

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