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    EUA e China põem em risco 'doutrina Azevêdo' na OMC

    DIEGO BONOMO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    12/12/2017 02h00

    Andrew Harnik - 8.nov.2017/Associated Press
    President Donald Trump, center, shakes hands with an opera performer, accompanied by Chinese President Xi Jinping, as they tour opera performance at the Forbidden City, Wednesday, Nov. 8, 2017, in Beijing, China. Trump is on a five country trip through Asia traveling to Japan, South Korea, China, Vietnam and the Philippines. (AP Photo/Andrew Harnik) ORG XMIT: TKSK355
    O presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta artista de ópera em Pequim

    A estratégia usada pelo embaixador Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), para chegar a um acordo entre os países está sob ameaça na reunião ministerial que acontece nesta semana em Buenos Aires.

    Nas duas reuniões ministeriais da sua gestão (iniciada em 2013), o diretor-geral foi hábil em facilitar o consenso entre as grandes economias. Na prática, criou uma "doutrina Azevêdo", combinando temas de interesse dos vários grupos de países em pequenos "pacotes" de compromissos.

    Antes da sua chegada ao organismo, a estratégia negociadora era promover negociações com dezenas de itens na pauta, dificultando sua conclusão.

    Agora, na Argentina, os países tentam chegar ao consenso sobre novas regras relacionadas aos subsídios para a pesca —o primeiro acordo da OMC com claro objetivo ambiental. Além disso, está na pauta do encontro a resolução de temas antigos da agenda, como subsídios agrícolas, e de novos temas —investimentos e comércio eletrônico, por exemplo.

    O problema é que a doutrina Azevêdo enfrenta um duplo desafio, que está mais fora do que dentro da OMC.

    De um lado, os EUA passaram a questionar o valor do multilateralismo para a segurança nacional e o bem-estar dos americanos.

    A crítica que o governo de Donald Trump faz à organização é similar àquela feita à ONU e à aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

    De outro lado, a China tem se esquivado das cobranças dos EUA para que assuma responsabilidades na OMC condizentes com sua nova estatura econômica.

    Os americanos entendem que o país não pode mais ser considerado em desenvolvimento, para ter compromissos menores, e que temas sensíveis para a China devem entrar na pauta da OMC.

    Já os chineses consideram que fizeram concessões demais para entrar na organização, em 2001.

    Enquanto isso, o Brasil corre por fora. Ao país, interessa uma OMC forte, que resolva disputas e avance nas negociações multilaterais, mas seu principal ganho será a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. As tratativas entre os dois blocos seguem em paralelo à reunião ministerial de Buenos Aires.

    DIEGO BONOMO é gerente-executivo de assuntos internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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