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    Presidente da Claro teme possível entrada de chineses na Oi

    NATÁLIA PORTINARI
    DE SÃO PAULO

    14/12/2017 13h13 - Atualizado às 18h05

    Bruno Poletti/Folhapress
    José Antonio Félix, presidente da América Móvil no Brasil, que controla NET, Claro e Embratel
    José Antonio Félix, presidente da América Móvil no Brasil, que controla NET, Claro e Embratel

    José Félix, presidente no Brasil do grupo que detém a Claro, afirmou que vê com preocupação a possível entrada de empresários chineses na Oi.

    "Espero que eles não entrem. Vai chacoalhar mais ainda o mercado que já está instável", disse, nesta quinta-feira (14), sobre a possibilidade de o fundo TPG e a estatal China Telecom injetarem capital na Oi.

    "Esse negócio da China é complexo, nós não sabemos muito bem como as coisas funcionam por lá, só ouvimos falar. Governo e empresas são meio misturados", afirmou o presidente da América Móvil no Brasil.

    O mercado de telecomunicações brasileiro já é tomado por empresas estrangeiras, "mas não pelo Estado mexicano, nem pelo Estado espanhol ou português", diz o executivo.

    Félix disse ainda que as demandas dos acionistas da controladora mexicana da Claro, a América Móvil, são "meio tortas" e provocam a necessidade de "fazer o impossível".

    Nos primeiros nove meses de 2017, a receita líquida da Claro, Oi e Nextel caiu em relação ao mesmo período de 2016, segundo a consultoria Teleco. A queda da Claro foi de 2,1%.

    "Nossos acionistas, lá no México, querem aumento de receita, aumento de margem, aumento de vendas e de participação de mercado, ao mesmo tempo em que querem menos Capex [investimento em bens de capital] e menos despesa", diz José Felix.

    A participação de mercado do grupo Claro, que é líder em serviços fixos e TV por assinatura no Brasil, se manteve praticamente estável em 2017, com uma leve queda na banda larga (de 32% para 31%), segundo a Teleco.

    "Não temos como aumentar nossa participação de mercado sem cair o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] porque no nosso setor [de telecomunicações] o custo de venda é altíssimo. As solicitações dos acionistas sempre vêm meio tortas, então precisamos fazer o impossível."

    A NET, que atende residências com TV e internet, e a Embratel, que hoje é focada em soluções para empresas, fazem parte do grupo.

    Sobre a Oi, a solução de fatiar entre as três outras teles —Claro, TIM e Vivo— deixaria o setor mais "organizado" e "produtivo", diz Félix, mas ele nega que a América Móvil tenha interesse em adquirir algum ativo.

    INVESTIMENTO

    Em um balanço de fim de ano, o chefe da Claro, Paulo Cesar Teixeira, afirmou que o braço de telefonia móvel vai aumentar os investimentos em 2018, mas que os gastos deste ano, em 2.000 novas antenas, já atendem a demanda de clientes a médio prazo.

    Em 2018, o Capex da Claro deve permanecer no mesmo patamar deste ano, segundo seus executivos.

    A empresa anunciou ainda que, desde maio de 2017, quando lançou planos de dados ilimitados, a Claro vem ganhando clientes móveis —antes, o saldo da portabilidade estava negativo.

    Foram 90 mil clientes que trocaram de operadora para a Claro em novembro de 2017. Segundo a empresa, não foi uma fuga de outra tele em específico, e sim fruto de um reposicionamento de imagem da Claro e de mudanças na gestão.

    "Quando houve a junção das empresas, vimos que a Claro estava com problemas. Não era uma marca desejada, era associada com problemas", disse Félix, que era presidente da NET até 2015.

    Com estes novos usuários, a Claro aumentou também a adesão aos planos pós-pagos, que cresceu 4,3 vezes de abril a outubro deste ano. No mercado de telefonia móvel, a líder em receita e número de clientes é a Vivo.

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