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    Energias eólica e solar atingem patamar mais baixo de preços no país

    TAÍS HIRATA
    DE SÃO PAULO

    20/12/2017 16h02

    Apu Gomes/Folhapress
    SAO MIGUEL DO GOSTOSO, RN, BRASIL, 04-03-2013, 09h45: FAMILIAS QUE DEIXARAM DE RECEBER BOLSA FAMILIA. Aerogeradores de usina eolica em Sao Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Mercado ) *** EXCLUSIVO***
    A fonte eólica registrou média de R$ 98,62 por megawatt-hora no leilão, menor nível registrado até agora no Brasil

    Os três leilões de energia realizados nos últimos dias deverão gerar cerca de R$ 27 bilhões em investimentos. Ao todo, foram contratados 11 lotes de linhas de transmissão e subestações, além de 88 usinas geradoras de energia.

    Os certames foram marcados por forte concorrência e presença de grandes grupos internacionais, o que gerou altos deságios -de 40,46%, no caso das transmissoras, de 54,6%, no primeiro leilão de geração, e de 38,7%, no segundo, nesta quarta-feira (20).

    Com os descontos, as fontes solar e eólica atingiram seus menores níveis de preço em leilões já feitos no país.

    No caso das usinas solares, que predominaram no leilão de segunda, o preço ficou em uma média de R$ 145 por megawatt-hora –uma queda bastante representativa em comparação aos de R$ 297 por megawatt-hora registrados em 2015, data do último leilão em que a fonte participara.

    A fonte eólica também chegou a seu menor valor por megawatt-hora nesta quarta: a média foi de R$ 98,62, e o lance mais barato chegou a R$ 97.

    Ainda é cedo para falar em um novo patamar de preços, segundo Elbia Gannoum, presidente-executiva da Abeeolica, associação que representa a indústria.

    "Foi o primeiro leilão em dois anos. Precisaremos de mais tempo para entender melhor esse deságio, que reflete diversos fatores, como queda de juros, menor custo de capital, negociação com fabricantes. Cada empreendedor tem sua estratégia. O mais importante é a retomada dos investimentos."

    No caso da fonte solar, os preços do leilão desta semana de fato refletem uma redução forte dos custos, que deverá ser incorporada pelo governo em seus planejamentos futuros, afirma Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar (associação do segmento).

    "Os próximos planos decenais [revisados anualmente pelo governo] devem contemplar essa nova faixa de preço", disse.

    Perguntado sobre a possibilidade de os baixos valores acelerarem a expansão das fontes renováveis na matriz energética do país, o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Luiz Barroso, afirmou que o resultado dos leilões serão considerados nos estudos e no planejamento do governo.

    FISCALIZAÇÃO

    O valor baixo dos projetos deverá ser motivo de atenção redobrada para a Aneel (agência reguladora do setor), segundo o diretor Reive Barros dos Santos.

    "O desafio agora é assegurar que as empresas entreguem no prazo estabelecido e na qualidade desejada. Esses preços mais competitivos vão ensejar a necessidade de um acompanhamento mais de perto para evitar uma situação, como a que se vê hoje, de empreendimentos revogados porque não conseguiram entregar."

    O diretor ressaltou, porém, que as empresas vencedoras têm histórico positivo de empreendimentos anteriores.

    Uma das causas dos valores competitivos foi a maior diversificação do financiamento dos projetos.

    Grande parte dos vencedores teve acesso a crédito estrangeiro e recursos de fundos. "Houve uma criatividade maior das empresas. Não se basearam só em financiamento de longo prazo do BNDES", disse Luiz Barroso, presidente da EPE (estatal responsável pelo planejamento do setor de energia no país).

    Além disso, os próprios editais já traziam exigências para evitar novos casos de projetos não entregues dentro do prazo, o que pode ter afastado empreendedores menores.

    Houve também o fator concorrência, principalmente no caso dos leilões de geração. Após quase dois anos sem contratação de novas usinas, as empresas tinham grande quantidade de projetos na gaveta.

    A avaliação é que os certames deram algum alívio às companhias, mas não foram suficientes para desovar todo o estoque. No caso de usinas solares, foram contratados 20 empreendimentos, de um total de 574 cadastrados.

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