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    Garantia menor por quebra de banco deve ter baixo impacto

    DANIELLE BRANT
    ANAÏS FERNANDES
    DE SÃO PAULO

    25/12/2017 02h00

    Fernando Frazão/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 24-07-2012, 10h00: Fábrica de matrizes e cédulas da Casa da Moeda do Brasil (CMB), em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Processo de fabricação e itens de segurança das cédulas da nova família, em especial as notas de R$ 10 e R$ 20, lançadas na última segunda-feira (23), em Brasília, pelo Banco Central. (Foto: Fernando Frazão/Folhapress, FOTO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
    Diretor do FGC diz que teto de R$ 1 mi por CPF foi estipulado para 'corrigir distorções'

    A decisão do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de mudar seu sistema de garantia pode tornar ativos de bancos pequenos menos interessantes, embora o impacto para a maioria dos investidores seja limitado, dizem especialistas ouvidos pela Folha.

    O fundo funciona como uma espécie de seguro para os investidores em caso de quebra das instituições financeiras.

    Na quinta-feira (21), o CMN (Conselho Monetário Nacional) estabeleceu um teto de R$ 1 milhão por CPF por um período de quatro anos.

    Até então, o limite era de R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por CPF e por instituição. Ou seja, um investidor com R$ 5 milhões teria proteção do fundo se distribuísse o valor por 20 instituições. Nada muda para aplicações realizadas até quinta-feira.

    Segundo André Loes, diretor do FGC, a decisão foi tomada para corrigir distorções que acabavam beneficiando investidores que não precisavam da proteção.

    "A medida é saudável ao reduzir uma distorção, que era ter uma garantia ilimitada e buscar maximizar o retorno de um investidor sem preocupação nenhuma com risco", afirmou Loes.

    O fundo garante produtos emitidos por instituições financeiras, como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), além da poupança.

    "Nos últimos dois a três anos, pela maior distribuição desses produtos bancários, acabou havendo uma maior pulverização de investimentos. Achamos que seria saudável para o mercado limitar."

    INFORMAÇÃO

    Na sua avaliação, o investidor com mais de R$ 1 milhão tem acesso a uma assessoria que o pequeno poupador não tem. "Eu devo garantir o investidor que não sabe discernir facilmente que aquele instrumento que ele está comprando é de alto risco", diz.

    Ele reconhece que parte desses investidores poderá migrar para outros produtos não garantidos.

    "Mas não me preocupa o impacto na captação por causa da ordem de grandeza", diz. "Estamos falando de um número de contas e valores relativamente baixos. O censo mostra que 99,7% das contas estão cobertas pelo limite de R$ 250 mil."

    A avaliação de Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper, também é que o impacto para o investidor deve ser pequeno.

    "Claro que houve perda de direitos, mas a medida é mais um reconhecimento de que, em uma situação de risco sistêmico, com mais de um banco quebrando ao mesmo tempo, não haveria dinheiro para pagar a todo o mundo."

    BANCOS MENORES

    Chaia acredita que a mudança pode gerar perda de competitividade aos bancos menores. "O investidor pode pensar que é melhor buscar bancos maiores."

    Loes diz acreditar que deve haver uma mudança de estratégia das instituições.

    "Os bancos vão adaptar o foco comercial e vender para um número maior de pessoas que têm valores menores", afirma.

    *

    MUDANÇAS NO FGC
    Válidas em aplicações a partir de 22.dez

    Como era
    > Garantia com limite de R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por CPF e por instituição

    > Investidor poderia distribuir o valor por várias instituições para ter 100% de ressarcimento

    Como ficou
    > Garantia de até R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por instituição, limitada a um teto global de R$ 1 milhão por CPF durante 4 anos

    > Se houver falência da instituição, a garantia total diminui

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