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    Consumo das famílias vai crescer 5% no Brasil em 2018, diz banco

    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    02/01/2018 02h00

    A combinação entre a alta da renda proporcionado por inflação mais baixa e um menor endividamento das famílias deve liberar R$ 124,2 bilhões a mais para o consumo em 2018, aponta estudo do Santander obtido pela Folha.

    A quantia é mais do que o dobro do volume adicionado à economia pela liberação das contas inativas do FGTS, de R$ 44 bilhões) e pela antecipação do pagamento de PIS/Pasep para cotistas, de R$ 16 bilhões, em 2017.

    Com o impulso, diz o economista-chefe do Santander, Maurício Molon, a previsão é que o consumo cresça pelo menos 5% em 2018. "A mensagem é que 2018 vai ser o ano de consumo", diz.

    Confirmada, a alta de 5% dos gastos das famílias garante, sozinha, expansão de quase 3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018, diz Molon. O componente representa cerca de 66% da economia.

    Dos R$ 124,2 bilhões em recursos adicionais, R$ 87,2 bilhões virão de um aumento da massa salarial ampliada -que inclui os salários pagos, transferências previdenciárias e programas sociais.

    Outros R$ 37 bilhões serão liberados pelo efeito de juros menores sobre dívidas.

    Em suas contas, Molon considerou que essa massa salarial ampliada deve repetir a alta ao redor de 3% observada em 2017, enquanto o percentual da renda comprometida com juros deve ser 1,5 ponto percentual menor do que em 2017, repetindo a queda dos últimos anos.

    O cenário desenhado depende da disposição do consumidor em gastar esses recursos. Segundo Molon, ainda que lento, o processo de recuperação da renda e do emprego está consolidado. Além disso, o consumo é menos sensível ao processo eleitoral e às incertezas externas.

    ACIMA DE 5%

    Molon não descarta, no entanto, que a alta de 5% prevista para o consumo das famílias em 2018 seja um piso.

    Ter partido de projeções que considera conservadoras para chegar aos R$ 124,2 bilhões adicionais, diz ele, dá espaço para surpresas.

    Somado a isso, expectativa de redução da poupança feita por algumas famílias para atravessar os momentos mais difíceis da crise deve dar mais gás à expansão.

    Molon explica que, embora tendam a andar colados, nos últimos dois anos o consumo caiu quase 8%, enquanto a renda ficou mais ou menos no zero a zero.

    "É possível dizer que parte do que não foi consumido foi poupado", diz ele.

    Estimativas do economista apontam que os gastos do consumidor, que costumavam oscilar entre 90% e 93% da renda, caíram para 80% da renda em 2017— o que, aos poucos, deve ser retomado.

    Quanto às projeções de endividamento menor, Molon admite que a queda da taxa Selic não chegou ao bolso do consumidor de forma proporcional, mas lembra que há defasagem entre os fenômenos.

    Por isso, mesmo que o Banco Central pare de reduzir a Selic em fevereiro, como esperado pelo mercado, o processo de queda dos juros ao consumidor deve seguir ao longo do segundo semestre.

    Para o economista, o mais importante é que o comprometimento da renda com encargos financeiros caiu de 22,4% em maio de 2016 para 20,4% atualmente, o que representa "disponibilidade de recursos na veia".

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